Indústrias buscam acesso a licitações públicas no exterior
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que setor quer que o governo facilite acesso a concessões fora do País
O setor privado brasileiro quer que o governo feche acordos para garantir às indústrias maior acesso a licitações públicas no exterior. Numa consulta inédita com empresas e associações, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) concluiu que 76% dos empresários nacionais defendem liberalização nesse setor.
Refratário a entendimentos que resultariam também na abertura do mercado brasileiro a empresas de outros países, governos anteriores resistiram em incluir licitações públicas em tratados comerciais. Agora, porém, a decisão de Brasília é a de se lançar nesse caminho, como forma de abrir novas oportunidades para empresas nacionais em mercados estrangeiros, mesmo que tenha de ceder também ao reduzir certas barreiras para a concorrência externa.
O primeiro acordo dessa natureza pode ser fechado no mês que vem entre os países do Mercosul. O bloco nunca promoveu uma liberalização no setor de compras governamentais. Hoje, a CNI estima que, juntos, os países vizinhos que formam parte do Mercosul movimentem quase US$ 100 bilhões.
Mas, segundo a CNI, as barreiras entre os vizinhos ainda existem. As legislações da Argentina e do Uruguai, por exemplo, preveem a aplicação de margem de preferência de 5% a 8% para a contratação de bens, serviços e construção.
Em carta ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Diego Bonomo, de Assuntos Internacionais da CNI, deixou claro que o setor privado quer que o governo acelere essas parcerias comerciais.
“Se bem negociados, os acordos ajudam a aumentar a concorrência, melhorar o serviço público e até elevar os níveis de governança das estatais nacionais”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.