O Estado de S. Paulo

Opção por morar de aluguel e investir entrada do imóvel pode dobrar patrimônio

Ganho ocorre num período de 15 anos para imóvel de R$ 300 mil, aponta simulação do Guia Bolso

- Jéssica Kruckenfel­lner

Investir o valor que seria usado na entrada para a compra de um imóvel e morar de aluguel pode, no longo prazo, ser um bom negócio. Uma simulação feita, a pedido do Estado, pelo Guia Bolso revela que quem optar por esse caminho pode dobrar o patrimônio num período de 15 anos.

Na simulação, foi considerad­o um imóvel de R$ 300 mil. Se o interessad­o em comprá-lo tiver, por exemplo, R$ 150 mil para dar de entrada e estiver disposto a assumir um financiame­nto de 15 anos, com parcelas que começariam em R$ 2.183 e terminaria­m em R$ 841 mensais, ao final desse período, o comprador desse imóvel teria um patrimônio de R$ 302 mil, isto é o equivalent­e ao próprio valor imóvel. A simulação não considera, porém, a valorizaçã­o do imóvel nesse período.

A outra alternativ­a seria o investidor optar por morar de aluguel. Neste caso, a simulação considerou o valor mensal da locação de R$ 1.500. Se o investidor colocasse a diferença entre o que desembolsa­ria pela parcela do financiame­nto (R$ 2.183) e a despesa com o aluguel (R$1.500) numa aplicação que pagasse o equivalent­e a 100% da taxa do CDI (Certificad­o de Depósito Interbancá­rio), o seu patrimônio acumulado após 15 anos, seria o dobro do valor do imóvel, mais de R$ 658 mil.

“Se for muito importante para apessoa adquirir uma residência própria e ela tiver disciplina para guardar, o reco menda doépo upar e postergara compra”, afirma o sócio do aplicativo de finanças pessoais Guia Bolso e responsáve­l pela simulação, Thiago Alvarez.

Juntar primeiro o dinheiro para depois comprar o próprio imóvel foi a estratégia adotada pela analista financeira Ana Paula Ramos, de 26 anos. Ainda na adolescênc­ia, ela decidiu que gostaria de morar sozinha quando estivesse na universida­de. Assim, a jovem começou apoupar aos 15 ano se, a partir dos 18 anos, Ana Paula conseguiu um emprego em tempo integral e passou apoupar de 30% a 50% da renda mensal.

Depois de sete anos juntando dinheiro, a analista deu entrada em um apartament­o com 30% do valor total e financiou o restante. Para os especialis­tas, o ideal éter de 50% a 70% do valor do imóvel em mãos, para não pagar uma quantia muito expressiva de juros.

“O meu financiame­nto vai até 2026, mas como posso abater o valor com o saldo do FGTS de dois em dois anos, devo acabar antes disso”, afirma Ana Paula. Para ela, esperar mais tempo para comprar o próprio imóvel não era uma opção e ela não teria aplicado o dinheiro guardado.

Contramão. Apesar de ser mais interessan­te primeiro fazer uma poupança para assim reduzir a parcela financiada na compra do imóvel, Alvarez, do Guia Bolso, observa que algumas pessoas optam por financiar grande parte do valor porque não conseguem fazer uma poupança prévia. “Nesses casos, vale a pena porque, do contrário, dali dez anos, essa pessoa terá destinado o dinheiro a outras despesas, já que não tinha o compromiss­o com as parcelas”, argumenta.

Esse é o caso do analista de controle de qualidade André Olívio, de 27 anos, que decidiu comprar um apartament­o logo depois de terminar o financiame­nto de um carro. Embora o ele consiga guardar uma parte consideráv­el da renda, prefere assumir o compromiss­o do financiame­nto de um imóvel. Além de julgar ser um ativo seguro e com bom retorno. “Alguns colegas compraram imóveis e em quatro anos o valor dobrou. Então eu comecei a procurar uma boa opção e dei 20% de entrada, para financiar o restante.”

Despesas. Para quem não precisa adquirir um imóvel para morar, mas ainda assim prefere investir no ativo, os especialis­tas afirmam que a falta de planejamen­to financeiro para o período posterior à aquisição do imóvel pode ser tornar um problema, já que a pessoa passa a assumir compromiss­os com IPTU e condomínio. Caso demore para alugar o imóvel, é preciso estar preparado para arcar com essas despesas fixas.

A profission­al de marketing Ieska Tubaldini, de 27 anos, planeja, por exemplo, comprar um imóvel em dois anos para obter rendimento­s com o aluguel. “Uma casa me dará uma sensação de segurança que nenhum outro tipo ele investimen­to daria”, diz.

Alexandre Prado, professor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), orienta os interessad­os em acumular patrimônio que diversifiq­uem os investimen­tos.

“Para ter uma boa rentabilid­ade e diluir riscos, o ideal é ter de 30% a 40% do investimen­to em imóveis”, recomenda o professor do Creci.

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Ieska Tubaldini
PROFISSION­AL DE MARKETING
“Vou comprar o imóvel sozinha, mas quero dar uma boa entrada, por isso estou adiando para daqui uns dois anos. Mas o financiame­nto será inevitável.” Ieska Tubaldini PROFISSION­AL DE MARKETING
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ANALISTA DE CONTROLE DE QUALIDADE
“Como ainda preciso arrumar o apartament­o para alugar, vou investir um pouco mais. Além disso, invisto na poupança com um valor fixo todo mês.” André Olívio ANALISTA DE CONTROLE DE QUALIDADE
 ??  ?? “É preciso fazer sacrifício­s. Tudo é uma questão de prioridade. Em minha opinião, valeu a pena, pois hoje tenho um bem que já valorizou 60%.” Ana Paula Ramos
ANALISTA FINANCEIRA
“É preciso fazer sacrifício­s. Tudo é uma questão de prioridade. Em minha opinião, valeu a pena, pois hoje tenho um bem que já valorizou 60%.” Ana Paula Ramos ANALISTA FINANCEIRA

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