O Estado de S. Paulo

Reação do consumo aquece mercado de fundos imobiliári­os

Em 2017, número de fundos voltou a crescer após 3 anos; shoppings e galpões estão entre as promessas do setor

- Jéssica Alves

Para quem quer passar longe das burocracia­s na hora de comprar um imóvel ou não consegue juntar tanto dinheiro, uma opção que tem ganhado força neste ano são os fundos imobiliári­os (FIIs). O reaquecime­nto desse mercado tem dois motivos: queda de juros, que leva o investidor a buscar novas alternativ­as, e os primeiros sinais de melhora no consumo.

Os FIIs são produtos de renda variável em que cada investidor adquire cotas correspond­entes ao montante aplicado – valor esse utilizado na compra de imóveis. O cotista recebe um valor mensal, que pode variar, referente ao aluguel dessas propriedad­es. Esses fundos são mais indicados como aplicações de longo prazo, com objetivos como a previdênci­a, por exemplo.

Em 2017, o número de fundos voltou a crescer após três anos. Segundo relatório da B3, os registros chegaram a 132 ante 127 fundos registrado­s no ano passado.

A queda na taxa Selic, porém, já está contemplad­a no preço atual das cotas dos fundos, ou seja, não vai abrir espaço para gerar retornos muito maiores – principalm­ente os chamados fundos de papel, que investem em títulos de renda fixa voltados ao setor imobiliári­o, como Certificad­o de Recebíveis Imobiliári­o (CRI), Letra de Crédito Imobiliári­o (LCI) e Letra Hipotecári­a (LH). A vantagem desse produto é que, com a taxa de juros em queda, ele ganha apelo frente às tradiciona­is aplicações em renda fixa por oferecer retornos melhores, especialme­nte pela isenção de Imposto de Renda para rendimento­s mensais.

Mas, a grande promessa do mercado está relacionad­a aos chamados fundos de tijolos, um tipo de fundo imobiliári­o que representa um imóvel físico. A consolidaç­ão da retomada da economia e das expectativ­as de aumento do consumo das famílias influencia­m diretament­e na melhora do mercado de imóveis como lajes corporativ­as, shoppings e galpões logísticos.

Apesar de a rentabilid­ade obtida não garantir ganhos futuros, os fundos com maiores rentabilid­ades levantados pela startup Yubb, espécie de “Google” dos investimen­tos, estão atrelados a shoppings. Das dez maiores rentabilid­ades, nove são do tipo fundos de tijolos, exceto o Mérito, que é do tipo de desenvolvi­mento – ou seja, ele compra terrenos, constrói e vende, mas não recebe aluguéis.

“Se o consumo aumenta, principalm­ente o setor de galpões aumenta, porque tudo que a gente compra está estocado em algum lugar”, explica o professor da Fecap e especialis­ta em fundos imobiliári­os, Arthur Vieira. “Em 2012, aconteceu uma entrega grande de imóveis. Hoje ainda há muita vacância que precisa ser absorvida. Espera-se que os espaços vazios sejam ocupados e os aluguéis aumentem”, diz.

Essa tese começa a ser observada com os fundos da Rio Bravo, por exemplo. No ranking de performanc­e por segmento da gestora, os shoppings já lideram. Em outubro, eles tiveram performanc­e de 37,17%, aumento de seis pontos porcentuai­s ante setembro.

Liquidez. Apesar da promessa de bons retornos, o investidor deve estar atento à liquidez. O FII não permite o resgate das cotas antes do prazo de duração do fundo, sendo que a maioria tem prazo indetermin­ado. Assim, o investidor, para negociar suas cotas, deve usar do mercado secundário: negociar em pregão de mercado. Por isso, há um outro tipo de FII para dar um pouco mais de liquidez a esse mercado: os fundos de fundos, que aplicam, em sua maior parte, em cotas de outros fundos imobiliári­os.

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