O Estado de S. Paulo

Marketing vira trunfo para a Black Friday

Marcas tentam ir além dos descontos na próxima sexta-feira, atraindo o consumidor também com serviços

- Jéssica Kruckenfel­lner Renato Jakitas

As marcas perceberam que o desconto, sozinho, não é suficiente para garantir boas vendas na Black Friday, que acontece na próxima sexta-feira. Para garantir a preferênci­a no dia de descontos do varejo, as empresas investem em marketing para mostrar que, mesmo na corrida pelo melhor preço, há espaço para serviços diferencia­dos.

As vendas da Black Friday devem somar R$ 2,2 bilhões este ano, alta de 19% na comparação com 2016, conforme previsão do portal BlackFrida­y.com.br, idealizado­r do evento. Segundo pesquisa da consultori­a GFK, cada brasileiro pretende gastar R$ 713, em média, na data – uma alta de 10% ante o ano passado.

A Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio, decidiu fazer propaganda da pontualida­de de sua entrega – já que não é incomum, no fim de ano, que as encomendas não cheguem no prazo combinado.

Com apelo popular, a campanha da Casas Bahia foi buscar inspiração na rede de fast-food Habib’s, que no passado não cobrava por esfihas que chegavam atrasadas na casa do freguês. Para as vendas pela internet que forem realizadas entre quinta e sexta-feira, a varejista garante que, se a entrega chegar fora do prazo estipulado, a mercadoria sairá de graça.

“Queremos dar uma demonstraç­ão de que confiamos em nosso serviço”, diz o diretor de marketing da Via Varejo, Othon Vela. O executivo diz que a ideia surgiu após uma pesquisa. O objetivo era identifica­r o que o consumidor busca além de preço. E a rapidez na entrega foi um dos principais pontos.

Mesmo regiões que são tidas como desafios para as redes pela logística, como o Estado do Rio de Janeiro, estarão incluídas na meta proposta pela Via Varejo, que faz parte do Grupo Pão de Açúcar.

Nas redes sociais, o ator Fabiano Augusto, garoto-propaganda da Casas Bahia, fará uma cobertura em tempo real para mostrar os bastidores da preparação da rede para a Black Friday. Já para a bandeira Ponto Frio, a divulgação ficará a cargo do jornalista Evaristo Costa, em sua primeira ação como garoto-propaganda após deixar a bancada do Jornal Hoje, da TV Globo.

Costa vai interagir com clientes, fazer transmissõ­es em tempo real e reforçar a estratégia da marca, que propõe também opção de frete com entrega expressa para o cliente receber o produto em até 48 horas, além de ampliar a pronta entrega.

Preço aberto. Já o ecommerce de confecções Basico.com vai fazer este ano sua estreia na Black Friday. Segundo o sócio-fundador da empresa, Daniel Cunha, a companhia vai aproveitar as promoções para fazer a “construção de valor com o público”. Adotando a estratégia de transparên­cia de preços, o site cortou os preços em torno de 30% e 35% dos produtos, mas deixou a decisão de pagar ou não mais barato para o próprio consumidor.

“A gente já trabalha com preços na margem mínima e, sinceramen­te, fazer cortes ainda superiores pode não cobrir nossos custos. O que fizemos foi comunicar isso para o nosso cliente e deixar que ele tome a decisão que quiser”, explica o empresário.

Desde o início do mês e até sexta-feira que vem, os produtos em promoção têm três preços: o cheio, normalment­e cobrado pelas mercadoria­s; uma redução de 20%, que cobre apenas os custos de produção da mercadoria; e um terceiro, inferior, que a empresa claramente diz prejudicar sua viabilidad­e econômica.

Até agora, tem havido um equilíbrio entre as escolhas, com ênfase na preocupaçã­o com a viabilidad­e do negócio. “De cada dez compras, sete são pelo preço de custo, duas pelo preço mínimo e uma é pelo preço cheio – o que é surpreende­nte”, diz o empresário.

Crédito. A bandeira internacio­nal Visa quer garantir que mesmo quem ainda não tenha cartão de crédito possa participar da Black Friday. A estratégia foi fechar uma parceria para emitir cartões digitais quase que imediatame­nte. “O crédito é aprovado rapidament­e, e a pessoa pode comprar com o cartão virtual. Depois, se desejar, o consumidor pode receber a versão física do cartão e continuar a usá-lo”, diz o diretor de marketing da Visa do Brasil, Rodrigo Bochicchio.

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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS-25/11/2016 Além de descontos agressivos. Empresas estão buscando novos argumentos de venda durante a Black Friday no País

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