USP prevê déficit pelo 5º ano consecutivo
Ensino superior. Diretrizes orçamentárias devem ser votadas hoje pelo Conselho Universitário; orçamento total previsto é de R$ 5,1 bilhões e reserva financeira está no fim. Apesar da crise, reitoria planeja contratar 150 professores no próximo ano
A Universidade de São Paulo (USP) estima que deve estourar em R$ 287,6 milhões o orçamento de 2018, previsto em R$ 5,177 bilhões, praticamente o mesmo valor deste ano. Para cobrir o rombo, será necessário, como nos últimos cinco anos, usar parte da reserva bancária da universidade, atualmente em cerca de R$ 380 milhões. A reitoria defende manter suspensas contratações técnico-administrativas, congeladas desde 2014.
Ainda debilitada por uma grave crise financeira, a Universidade de São Paulo (USP) prevê um déficit de R$ 287,6 milhões em 2018. É o quinto ano consecutivo em que a instituição já estima gastar mais do que recebe ao formular seu orçamento. Para equilibrar as contas, a reitoria ainda defende manter suspensas no ano que vem as admissões de servidores técnico-administrativos. As contratações para a categoria estão congeladas desde 2014.
As previsões estão em documento com as diretrizes orçamentárias distribuído a membros do Conselho Universitário (CO), instância máxima da USP. Essa proposta será votada hoje. A saúde financeira da USP será um dos principais desafios do novo reitor, Vahan Agopyan. O orçamento total previsto para o ano que vem é de R$ 5,177 bilhões. É praticamente igual ao montante inicialmente estimado para 2017, se aplicada a inflação do período.
A principal fonte de verba da USP é uma cota da arrecadação paulista do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com a piora da economia, esse recurso despencou nos últimos quatro anos.
Após três recentes rodadas de planos de demissão voluntária para reduzir a folha salarial, o objetivo é manter congeladas as contratações de técnicos. Por outro lado, a reitoria prevê contratar 150 professores, “dependendo do comportamento da arrecadação do ICMS”. Com aposentadorias e desligamentos sem reposição desde o início da crise na USP, diretores de faculdades têm apontado a necessidade de preencher vagas.
Para cobrir o rombo, será necessário usar verba da reserva bancária, como tem sido feito nos últimos anos. Entre dezembro de 2017 e o fim de 2018, essa poupança deve recuar de R$ 382,4 milhões para R$ 24,8 milhões. Há cinco anos, esse saldo era superior a R$ 3 bilhões.
Futuro. Em janeiro, Agopyan, atual vice-reitor, assume o comando da USP. Ele promete manter a política de rigor financeiro do atual dirigente, o médico Marco Antonio Zago. Entre as propostas de Agopyan, também está diversificar fontes de receita da instituição – oferecer, por exemplo, apoio técnico na formulação de políticas públicas e ser ressarcida por isso. “Temos de ser mais proativos”, disse ele ao Estado na semana passada, quando foi escolhido para o cargo.
Procurada ontem, a reitoria informou que se manifestaria somente após a reunião do CO. Neste encontro, serão discutidas as diretrizes para o orçamento. A proposta final será definida em dezembro.