O Estado de S. Paulo

Pedaço de viaduto cai e mata juíza em SP

Caminhão bateu em ponte na Avenida do Estado e concreto caiu sobre magistrada

- Fabio Leite

A juíza Adriana Nolasco da Silva, de 46 anos, morreu na madrugada de ontem, após o carro em que estava ser atingido por um bloco de concreto que caiu do Viaduto Fepasa, na Avenida do Estado, região central de São Paulo. A tragédia foi provocada pela colisão de um caminhão contra o viaduto por onde passa uma linha de trem, próxima da Estação da Luz.

Sentada no banco do passageiro de seu Honda HR-V bran- co, a magistrada voltava de uma festa no centro da capital na noite de domingo para sua casa em Cajamar, na Grande São Paulo. Por volta das 23 horas, um caminhão que havia acabado de ultrapassá-la pela faixa da esquerda bateu na ponte, derrubando um pedaço de concreto sobre o teto do carro e atingindo a cabeça da juíza. Ela foi levada para o Hospital das Clínicas, mas não resistiu à fratura no crânio e morreu quatro horas depois.

“Escutei um grande estrondo de batida e em seguida o carro foi atingido por uma enorme pe- dra bem do lado dela. Chamei pela doutora, mas ela não reagia. Tinha muito sangue, o crânio e o rosto estavam afundados”, disse o policial militar reformado Osmar de Carvalho, de 53 anos, que dirigia o veículo e trabalhava há oito anos como segurança da juíza. Divorciada, ela deixa uma filha de 27 anos.

Fuga. À polícia, ele afirmou que o motorista do caminhão, identifica­do como Pedro Fernandes de Oliveira, de 42 anos, tentou fugir após o acidente, mas conseguiu bloqueá-lo cerca de 150 metros à frente na Avenida do Estado, no sentido Santana, zona norte. O PM aposentado disse ainda que dirigia o carro da juíza a menos de 50 km/h quando foi ultrapassa­do pelo caminhão que pertence a uma transporta­dora terceiriza­da que presta serviço para uma empresa de bebidas.

Usada pela Linha 11-Coral da Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos (CPTM), a ponte tem placa indicando altura máxima de 4,30 metros. Uma perícia feita pelo Instituto de Criminalís­tica (IC) constatou que o caminhão media 4,46 metros, ou seja, 16 centímetro­s acima do limite indicado no viaduto. Os peritos detectaram ainda um desnível de 15 centímetro­s no trecho do asfalto que fica debaixo da ponte. Justificat­iva. Aos policiais, o motorista do caminhão negou que tivesse tentado fugir e disse que o trajeto havia sido definido pela empresa para a qual trabalha, a FL Logística Brasil.

Oliveira afirmou também que não havia ultrapassa­do os 50 km/h, limite de velocidade da via. O tacógrafo do caminhão foi apreendido para perícia e o motorista foi liberado pela polícia.

Em nota, a FL Logística afirmou que o caminhão “transitava dentro dos padrões legais” e “o choque foi contra uma estrutura de dutos, fixada embaixo do viaduto, e não no próprio viaduto”. Segundo a empresa, parte de sua frota utiliza este percurso como rota diária há pelo menos cinco anos sem registro de incidentes semelhante­s. Tanto a FL Logística quanto a empresa de bebidas informaram que lamentam o acidente e estão apurando os fatos.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que a Secretaria de Serviços e Obras e a Defesa Civil vistoriara­m o viaduto e não foi constatado problema estrutural. O caminhão atingiu um pórtico por onde passa o sistema de sinalizaçã­o da CPTM. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o caminhão não tinha autorizaçã­o especial exigida para veículos com mais de 4,40 metros de altura, foi multado e será apreendido.

Licença A CET afirma que veículos com mais de 4,40 metros de altura precisam de autorizaçã­o especial para circular dentro da cidade e definição prévia de uma rota específica para o trajeto.

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JF DIORIO/ESTADÃO Limite. CET diz que veículo tinha altura acima da permitida, conforme a perícia oficial

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