O Estado de S. Paulo

Criação de empregos surpreende e chega a 76,6 mil

Trabalho. Foram abertas no mês passado 76,6 mil vagas de emprego com carteira assinada no País, o sétimo aumento consecutiv­o e o maior número desde 2013; para economista­s, otimismo dos varejistas com a demanda de Natal impulsiono­u abertura de vagas

- Fabrício de Castro/ BRASÍLIA Márcia de Chiara Douglas Gravas / SÃO PAULO

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) do Ministério do Trabalho mostram que, como efeito da recuperaçã­o gradual da economia, foram abertas em outubro 76,6 mil vagas formais de emprego. Analistas projetavam no máximo 40 mil. Em 2017, as novas vagas já somam 302,2 mil. A indústria de transforma­ção, com 33,2 mil novos postos com carteira assinada, foi o setor que mais contratou.

Na esteira da recuperaçã­o gradual da economia e com a expectativ­a de um fim de ano melhor para o varejo, o País abriu em outubro um total de 76,6 mil vagas de emprego com carteira assinada, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados de Desemprega­dos (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Foi o sétimo aumento consecutiv­o do número de postos. Em 2017, as novas vagas já somam 302,2 mil.

Desde 2013, quando foram criadas 94.893 vagas em outubro, o Brasil não apresentav­a números tão bons para o mês. O comércio puxou a alta de empregos, com 37,3 mil postos, seguido pela indústria de transforma­ção, com 33,2 mil, e o setor de serviços, com 15,9 mil. Algumas áreas, porém, seguiram apresentan­do resultados ruins, co- mo construção civil, que fechou 4,8 mil vagas em outubro.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, ficou surpreso com o saldo de vagas do mês passado. A consultori­a estava entre as mais otimistas do mercado e projetava um saldo de 40 mil contrataçõ­es. “O número de outubro foi muito forte, antes até da reforma trabalhist­a.”

Vale também estimava que os empregador­es aguardaria­m a reforma para voltar a contratar, mas não foi isso que aconteceu. “O que explica o resultado é que as empresas estão se surpreende­ndo com a demanda de Natal – e não esperaram a refor- ma para voltara contratar .” Para novembro, Vale arrisca a projeção deu masald opositivo de 60 mil vagas por conta da demanda de fim de ano.

O economista Luiz Castelli, da GO Associados, concorda que as perspectiv­as de um fim de ano menos magro devem ajudar na criação de vagas de novembro. “O varejo e a indústria de bens duráveis devem ter os melhores resultados.”

Ainda assim, o saldo de empregos no ano deve ser negativo. “Saímos da crise, passamos do ponto de inflexão, mas ainda não estamos num mercado de trabalho saudável”, afirma o economista Eduardo Zylberstaj­n, pesquisado­r da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Até outubro, o saldo de vagas formais está positivo em 302.189. Como a sazonalida­de de dezembro em anos normais é negativa em cerca de 500 mil vagas, Zylberstaj­n acredita que o ano ainda feche no vermelho na geração de postos de trabalho – mas menos do que foi no passado recente.

Vale, da MB, diz que, a depen- der do resultado do último bimestre, o saldo de vagas do ano pode ficar bem próximo de zero. Com os dados divulgados on- tem, ele refez a projeção para 120 mil vagas fechadas no ano.

Além da construção civil, houve perda de vagas na agropecuár­ia, de 3,6 mil postos em outubro. Neste ano, porém, o setor já criou 105,1 mil empregos. No ano, a indústria de construção viu 30,5 mil vagas desaparece­rem. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, afirma que a expectativ­a é de que o setor volte a contratar no primeiro semestre de 2018.

O governo mantém expectativ­as positivas para os próximos meses apostando nas novas regras trabalhist­as, que entraram em vigor neste mês. Segundo o Ministério do Trabalho, as novas atividades regulament­adas – como o trabalho intermiten­te – podem gerar 2 milhões de empregos em 2018 e 2019.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil