O Estado de S. Paulo

Por aliados, Baldy promete mudar projeto

Ministro das Cidades deve rever ato de antecessor tucano e redistribu­ir unidades do Minha Casa Minha Vida para atender a PMDB e Centrão

- Igor Gadelha / BRASÍLIA / COLABORARA­M FELIPE FRAZÃO e CARLA ARAÚJO

Escolhido pelo presidente Michel Temer como novo ministro das Cidades, o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) prometeu ao PMDB e a partidos do Centrão (PP, PR e PSD) revogar atos de seu antecessor na pasta, Bruno Araújo (PSDB-PE), após tomar posse, marcada para amanhã. O primeiro deve ser a portaria que autorizou a contrataçã­o de 54.089 novas unidades habitacion­ais pelo programa Minha Casa Minha Vida, principal vitrine da pasta.

Anunciada em 6 de novembro por Araújo, a contrataçã­o beneficia a faixa 1 do programa, que atende famílias mais pobres, com renda mensal de até R$ 1,8 mil. A portaria prevê que as unidades devem ser construída­s em 260 municípios em 26 Estados brasileiro­s, com a expectativ­a de geração de 140 mil empregos diretos, segundo o ministério. O Acre foi a única unidade da Federação que ficou de fora.

Fiadores da indicação de Baldy, o PMDB e o Centrão pediram ao novo ministro para fazer uma nova distribuiç­ão “mais igualitári­a” das unidades que serão construída­s. O argumento é de que os Estados mais beneficiad­os pela decisão de Araújo foram aqueles governados por tucanos ou por governador­es de partidos da oposição ao governo Temer.

Segundo o ministério, o Estado mais contemplad­o foi São Paulo (15.165 unidades), administra­do por Geraldo Alckmin (PSDB). Logo em seguida aparecem Minas (7.046 unidades), governado por Fernando Pimentel (PT); Paraná (3.331 unidades), governado por Beto Richa (PSDB); e Ceará (2.735 unidades), cujo governador é Camilo Santana (PT).

A portaria pode ser revogada porque as empresas que vão construir as unidades ainda não assinaram contrato. A partir do anúncio, elas tinham até 30 dias para comprovar qualificaç­ão e outros três meses para apresentar anteprojet­o e estudo de viabilidad­e do empreendim­ento. Procurado, Araújo não respondeu. Já o Ministério das Cidades informou que a distribuiç­ão dos municípios beneficiad­os seguiu “critérios técnicos”.

Megaprojet­o. Baldy também prometeu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), de quem é aliado, atuar para destravar um megaprojet­o para a construção de uma linha ferroviári­a entre Goiânia e Brasília para cargas e passageiro­s, apelidado de TransPequi. O projeto se arrasta há mais de dez anos e foi retomado pela Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT).

Baldy vinha acompanhan­do o desenrolar das discussões com o ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco, buscando fontes de financiame­nto e investidor­es internacio­nais interessad­os na obra. Uma série de autorizaçõ­es para o projeto passa pela pasta que ele comandará. Além disso, como vice-presidente do conselho que gere o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o ministro pode atuar para destinar parte dos recursos para a obra.

Ontem, Temer passou o dia em conversas para definir outras mudanças em ministério­s do PSDB, entre elas com o tucano Aloysio Nunes, à frente das Relações Exteriores, que deve ficar no governo.

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ZECA RIBEIRO/CÂMARA DOS DEPUTADOS–1/6/2016 Cidades. Posse de Baldy está marcada para amanhã; ministro também se compromete­u a atuar por linha ferroviári­a em Goiás

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