Brasil avalia risco de missão de paz, diz Aloysio
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, afirmou ontem que o governo ‘‘avalia os riscos” de enviar soldados para uma missão de paz na República Centro-Africana, país que vive sob guerra civil há mais de uma década. A decisão ainda não foi tomada, embora o ministro da Defesa, Raul Jungmann, tenha dado como certo o próximo destino das forças brasileiras na ONU.
“Estamos estudando esse assunto com muito cuidado”, disse Aloysio ao Estado. “Lá não tem embaixada e não é a mesma coisa que no Haiti, porque há uma conflagração mais séria”, completou ele. O Brasil comandou durante 13 anos a missão de paz no Haiti, encerrada em 31 de agosto.
Para o chanceler, apesar de o País ganhar projeção internacional se mandar um contingente de mil homens à República Centro-Africana, vários fatores pesam contra a iniciativa e há receio de grave confronto, com morte de brasileiros.
“Precisamos levar em conta os riscos que teremos de assumir e os custos da operação. É um assunto que ainda tem de ser levado para o presidente (Michel) Temer e aprovado pelo Congresso”, argumentou Aloysio.
Jungmann negou na sextafeira que haja divergência com Itamaraty e Planalto. Segundo ele, o presidente Michel Temer deu sinal verde para o planejamento da operação. Para ele, a participação é fundamental para o treinamento e a prontidão dos militares.
Estimativas indicam que são necessários US$ 100 milhões por ano para a missão de paz no país africano, um dos mais pobres do mundo. Embora Jungmann tenha dito, na quinta-feira, que o objetivo é ter as tropas do Brasil na ex-colônia francesa antes da metade de 2018, há muitas divergências no governo sobre a conveniência desse plano.
Outro fator que afasta a decisão de um consenso é a distância cultural e geográfica. O Brasil estaria contribuindo para a paz em um país africano com graves conflitos ligados a disputas religiosas.