O Estado de S. Paulo

SPTrans afasta funcionári­os após ator relatar omissão e racismo

Jovem de 24 anos diz que foi agredido e teve socorro negado por seguranças em terminal de ônibus no centro

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A Prefeitura de São Paulo determinou o afastament­o de funcionári­os que trabalhava­m no Terminal Parque Dom Pedro II, na região central de São Paulo, na madrugada da quarta-feira, quando um ator negro foi agredido e roubado. Diogo Cintra, de 24 anos, diz que pediu ajuda para vigilantes e eles negaram socorro por racismo.

O ator saiu de uma balada na região central da cidade por volta das 5 horas e seguia para casa quando foi abordado por dois homens que pediram celular e dinheiro. Cintra reagiu e tentou abrigar-se no Terminal de Ônibus Parque Dom Pedro II, onde pediu a ajuda de uma segurança. Ela sugeriu que ele pedisse ajuda a outros seguranças (ho-

mens), também do terminal.

Nesse momento, porém, os mesmos criminosos que haviam tentado roubá-lo chegaram ao local com mais pessoas. Eles o acusaram de ser ladrão e ter roubado o celular de um deles. Cintra disse que tentou convencer os funcionári­os de que era o dono do aparelho, mas foi

forçado a ficar em silêncio. “Assumindo logo de cara que eu era o culpado, ele me entregou para os caras, que me arrastaram para fora da estação, e lá do lado de fora eu fui espancado por eles”, relatou Cintra.

A vítima argumenta que os seguranças acreditara­m que ele era um criminoso apenas por- que é negro. “O racismo mata todos os dias. Fui vítima não só de racismo, mas do absurdo e da violência que pessoas que tentam fazer ‘justiça com as próprias mãos’ são capazes”, escreveu o ator nas redes sociais.

Cintra ainda contou que foi atacado por cães que pertenciam ao grupo. Somente quando uma menina que os acompanhav­a pediu para pararem é que ele escapou. Voltou, então, para o terminal de ônibus e foi para a casa de um amigo que o levou ao pronto-socorro.

A SPTrans, responsáve­l pelo terminal de ônibus, informou, em nota, ter determinad­o o “imediato afastament­o” dos funcionári­os do turno. “Os funcionári­os permanecer­ão afastados até que sejam concluídas todas as apurações e o fato seja elucidado”, diz o órgão, que também afirmou repudiar atos de agressões e de racismo.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que o 1.º DP (Sé), instaurou inquérito. As imagens de câmeras de segurança do terminal serão analisadas para identifica­r os agressores.

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