O Estado de S. Paulo

Fatores que podem favorecer a oferta de crédito

-

Um dado importante reforça a expectativ­a de uma elevação significat­iva da oferta de crédito e de uma redução do custo do dinheiro para os consumidor­es e as empresas, condizente com o ritmo de baixa da taxa básica de juros, hoje em 7,5% ao ano e que pode fechar 2017 em 7%. Levantamen­to do resultado líquido de quatro grandes bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) no terceiro trimestre revela que houve queda na inadimplên­cia, possibilit­ando uma redução de R$ 16,4 bilhões (ou 21%) das provisões para devedores duvidosos em relação ao mesmo período de 2016, na soma das instituiçõ­es.

No geral, a diminuição dos atrasos no pagamento de empréstimo­s por períodos superiores a 90 dias verificou-se no segmento de crédito às pes- soas físicas, refletindo um aumento da renda disponível pelos assalariad­os. No caso do Banco do Brasil, por exemplo, o índice de inadimplên­cia, que vinha em ascensão este ano, caiu de 4,1% para 3,94% do segundo para o terceiro trimestres, na primeira queda registrada desde dezembro. Já no Bradesco, a taxa de calotes ficou em 4,8%, 0,6% ponto porcentual a menos que em setembro de 2016.

Os recuos parecem pequenos, mas favorecera­m os bons lucros apresentad­os pelos grandes bancos. O maior entrave para a retomada do crédito têm sido as pessoas jurídicas, notadament­e grandes empresas em dificuldad­e, que por problemas conjuntura­is ou questões judiciais apresentam níveis elevados de endividame­nto. Isso impactou a oferta de crédito nesse segmento, que encolheu cerca de R$ 90 bilhões no terceiro trimestre, em comparação com idêntico período do ano anterior.

Ainda que as negociaçõe­s em curso para a resolução destes casos pendentes não avancem, a perspectiv­a é de que os calotes dos consumidor­es permaneçam em queda, criando condi- ções para novo corte de provisões. É possível que, no quarto trimestre, de maneira a atender ao maior movimento de fim de ano, a oferta de crédito apresente recuperaçã­o.

Sob esse aspecto, os bancos são mais otimistas quanto a 2018. O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, projeta cresciment­o de 6% do crédito em geral no próximo ano. O que os clientes de todos os bancos esperam é que isso ocorra paralelame­nte a uma redução apreciável das taxas de juros na ponta para todas as modalidade­s de empréstimo.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil