O Estado de S. Paulo

Governo ataca privilégio­s na Previdênci­a

Campanha publicitár­ia busca apoio popular para aprovação da reforma e dá pistas de como negociaçõe­s estão sendo conduzidas

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A propaganda lançada pelo governo para reunir maior apoio à reforma da Previdênci­a dá as pistas de como está sendo conduzida a negociação do texto “enxuto”. A campanha frisa o que permanece no texto, como a fixação de uma idade mínima para aposentado­ria e a unificação das regras para servidores públicos, e indica o que já foi descartado, como as propostas de mudança na Previdênci­a rural.

Na campanha publicitár­ia, centrada no corte de privilégio­s e na manutenção de direitos, o governo silencia justamente sobre pontos que ainda provocam divisão entre as lideranças políticas. Entre eles, a limitação para o acúmulo de benefícios, abrindo espaço para que mais concessões possam ser feitas em troca dos votos.

A criação de um teto de dois salários mínimos (equivalent­e hoje a R$ 1.874,00) para o acúmulo de pensão e aposentado­ria é um dos alvos da pressão dos parlamenta­res. O deputado Pauderney Avelino (DEMAM), um dos principais articulado­res do governo, defende a revisão desse limite para três salários mínimos (o que correspond­e hoje a R$ 2.811,00). Segundo apurou o Esta

dão/Broadcast, o relator da reforma da Previdênci­a, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), tenta convencer o governo a aceitar a mudança nesse limite, que já havia sido flexibiliz­ado na primeira rodada de negociaçõe­s, em abril, antes do estouro da crise política.

A proposta original do governo era vedar qualquer tipo de acúmulo, mas o apelo dos parlamenta­res fez com que a equipe econômica aceitasse a exceção para quem ganha menos. A expectativ­a é que o relator apresente ainda esta semana o texto da proposta mais enxuta para permitir a votação na primeira semana de dezembro.

Uma segunda concessão no limite para acúmulo de benefícios enfrenta forte resistênci­a da área econômica. O governo entende que o teto de dois salários mínimos integra a cesta de medidas que combatem privilégio­s, pois beneficia cerca de 70% dos que acumulam benefícios. Mas lideranças políticas avaliam que o ganho em termos de votos compensa a nova flexibiliz­ação.

A campanha indica que a minirrefor­ma vai incluir idade mínima, regra de transição como aprovada na comissão (com pedágio de 30% sobre o tempo que falta hoje para aposentado­ria e elevação da idade mínima ao longo de 20 anos), a unificação das regras para servidores e a manutenção do tempo mínimo de contribuiç­ão em 15 anos. /

Polêmica Na campanha, o governo não trata sobre pontos que ainda provocam divisão entre as lideranças políticas. A limitação para o acúmulo de benefícios está entre esses temas sensíveis.

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