Prévia do PIB sobe 0,58% com reação do comércio
Indicador do Banco Central registrou o terceiro trimestre consecutivo de crescimento; em 2017, alta acumulada do IBC-Br é de 0,43%
A economia brasileira seguiu em recuperação no terceiro trimestre. Segundo os dados do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), a atividade econômica teve um crescimento de 0,58% no período, na comparação com o segundo trimestre. Foi o terceiro trimestre consecutivo de alta da economia registrado na série do BC, algo que não ocorria desde 2013.
Considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br serve como parâmetro para avaliação do ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. Apenas em setembro, o índice registrou alta de 0,40% em relação ao mês anterior, após ter cedido 0,37% em agosto. Medido em pontos, o indicador passou de 135,20 para 135,74 pontos em setembro. Em 2017, a alta acumulada do IBCBr é de 0,43%, considerando a série sem os ajustes sazonais.
Para o economista João Fernandes, da Quantitas Asset, a alta do IBC-Br em setembro está ligada ao cenário positivo da indústria e do comércio. “O crescimento do comércio tem sido impulsionado pelo processo de redução de dívidas das famílias, pela reversão do mercado de trabalho e pelos efeitos da política monetária”, explicou o econo- mista, em referência ao atual ciclo de cortes da Selic (a taxa básica de juros da economia).
De fato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria registrou um crescimento de 0,2% em setembro e acumula, no ano, um crescimento de 1,6%. Já o comércio cresceu 0,5% em setembro e 1,3% no acumulado do ano.
Por outro lado, Fernandes afirma que o setor de serviços ainda não reagiu. Segundo ele, isso é esperado, porque o setor, historicamente, demora mais para responder às oscilações da economia, tanto nos momentos de retração quanto nos de expansão. “O consumidor ten- de a substituir mais facilmente o seu consumo de bens do que o de serviços”, avaliou. Os serviços registraram queda de 0,3% em setembro e de 3,7% no acumulado dos três primeiros trimestres.
O economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos e professor da PUCRio, afirmou que o fato de o consumo das famílias ainda ser o único impulso para a retomada da economia tem feito o IBC-Br oscilar nos últimos meses. O indicador, que subiu em setembro, havia recuado em agosto.
“A saída da recessão está sendo muito lenta porque, do ponto de vista da demanda, o empresário ainda não voltou a investir e o governo não tem condições de aumentar gastos. Então, a recuperação está muito concentrada no consumo das famílias”, disse.
Na visão do próprio BC, embora o consumo seja importante para essa recuperação, a retomada dos investimentos produtivos no País seria o próximo passo para garantir um crescimento sustentável. A instituição projeta alta de 0,70% para o PIB em 2017 e avanço de 2,2% em 2018. “O investimento será o principal impulso em 2018”, avaliou Fernandes, da Quantitas. “Não há mais espaço para crescer baseado só em consumo.” Colaborou André Ítalo Rocha
Ritmo
“A saída da recessão está sendo muito lenta porque o empresário ainda não voltou a investir e o governo não tem condições de aumentar gastos.” Alexandre Espírito santo
ECONOMISTA DA ÓRAMA
INVESTIMENTOS E
PROFESSOR DA PUC