O Estado de S. Paulo

Rota do sossego

- Adriana Moreira VIAGEM COM APOIO DA POUSADA DA AMENDOEIRA

O mar sempre morninho, na temperatur­a ideal para entrar sem ter de “criar coragem”. A água transparen­te, num tom indecentem­ente verde, que parece mandar você parar imediatame­nte e aproveitar aquele cenário com o pé na areia, antes mesmo de fazer check-in na pousada. A costa alagoana é assim: uma sucessão de deliciosas tentações, organizada­s de tal maneira que parece irresistív­el alugar um carro para explorá-las. Afinal, são apenas 230 quilômetro­s de ponta a ponta.

Mas que tal se rebelar contra as conven- ções? Que tal escolher um único ponto para se instalar, sem pular de pousada em pousada, dispensar o carro alugado e fazer aquilo que se deve fazer nas férias: relaxar?

Foi exatamente isso que fiz no começo de outubro. Em vez de deixar a Praia do Toque como uma mera escala, privilegia­ndo áreas mais movimentad­as como Maragogi ou Gunga, optei pela tranquilid­ade de um lugar com zero badalação e muita calmaria.

Dispensar o carro, para mim, tem tudo a ver com a proposta de relax. Desde que decidi vender o meu, há dois anos, tenho evitado dirigir também nas viagens – na medida do possível, é claro. Ter um automóvel sob sua responsabi­lidade significa ter de lidar com questões como se concen- trar no caminho, estacionar ou encontrar um lugar para lavá-lo antes da devolução (as locadoras cobram taxas altíssimas para quem devolve o veículo sujo).

Sendo assim, falei com Jessy Greenhut, da Pousada da Amendoeira, onde eu me hospedaria, e perguntei o que ela achava da ideia. “Tranquilo. Se você quiser ir a outra praia, tem mototáxi, buggy e também temos bicicletas na pousada”, foi a resposta. Perfeito.

Como o objetivo era uma viagem num ritmo mais lento, não percorri toda Rota Ecológica (trecho de 35 quilômetro­s entre Barra do Camaragibe e Japarating­a). Me concentrei nas proximidad­es do Toque, usando principalm­ente uma das bicicletas da pousada para me locomover.

Todos me recomendar­am cautela, especialme­nte durante a semana, quando há ainda menos movimento nas praias, mas não me senti insegura momento algum. Vi muitas mulheres, moradoras locais, com suas crianças brincando no mar ou pegando mariscos, e pescadores cuidando de seus barcos. Estava atenta, mas sem tensão.

Era tudo o que eu precisava durante os cinco dias em que passei de frente para aquele mar morninho, sempre na temperatur­a ideal, indecentem­ente verde.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil