Problemas da guerra persistem na Colômbia
Um ano após acordo de paz com as Farc, 5 milhões de colombianos ainda precisam de ajuda humanitária e narcotráfico disputa áreas da guerrilha
Há exatamente um ano, a assinatura do acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo de Bogotá levou esperança aos colombianos. No entanto, problemas causados pelos mais de 50 anos de conflito persistem no país: quase 5 milhões de pessoas continuam precisando de ajuda humanitária e civis seguem enfrentando uma rotina de tiroteios, ameaças e deslocamentos forçados.
De acordo com dados da ONG Ação Contra a Fome, com base em Madri, 4,9 milhões de colombianos ainda precisam de auxílio, e a metade das crianças do país sofre de desnutrição crônica. “Ainda que a comunidade internacional e muitos colombianos nas grandes cidades deem por encerrado o capítulo mais doloroso da história recente da Colômbia, é certo que os desafios que afrontam o país nos próximos anos são enormes, afirmou Oliver Longué, diretor-geral da entidade.
A ONG Anistia Internacional informou que o Departamento (Estado) colombiano de Chocó, território dominado anteriormente pelas Farc agora é disputado por paramilitares e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional. O secretário-geral da organização, Salil Shetty, afirmou que, no último ano, seis líderes comunitários foram assassinados na região, cerca de 10 mil pessoas sofreram deslocamento forçado em razão dos combates e muitas outras ficaram confinadas em suas comunidades.
Em Tumaco, no Departamento de Nariño, colombianos já deslocados pelo conflito com as Farc voltaram a ficar no fogo cruzado. Desta vez, porém, quadrilhas de narcotraficantes estão em guerra pelo controle de regiões anteriormente dominadas pela guerrilha. “Tumaco é um dos epicentros do conflito que persiste na Colômbia”, afirmou Christian Visnes, diretor do Centro Norueguês para Refugiados, que atua no território colombiano desde 1991.
Futuro. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, vê um “novo amanhecer” após o fim do conflito e pretende se reunir com o líder do agora partido político Farc, Rodrigo Lodoño, para resolver problemas relacionados à “Jurisdição Especial para a Paz”, instância judicial criada para julgar os exguerrilheiros das Farc com critérios próprios. Por sua vez, alguns ex-combatentes estão se preparando para lançar um programa de notícias diário. “Queremos dar voz àqueles que têm vivido há décadas em silêncio”, disse Marilu Ramírez, ex-guerrilheira que apresenta atualmente um programa de debates online, produzido pela Nova Colômbia Notícias.