O Estado de S. Paulo

Crédito avança, apesar do custo e da inadimplên­cia

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Entre setembro e outubro, aumentaram as concessões de crédito tanto para as pessoas físicas como para as pessoas jurídicas, segundo o Banco Central (BC). Foi o que justificou a afirmação do chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha, de que o crédito parou de se contrair e tende a se recuperar nos próximos meses. Mas, como subiram os juros cobrados pelos bancos e também ocorreu uma pequena elevação da inadimplên­cia, há poucos motivos para comemorar, em especial sob a óptica dos devedores.

Os juros médios cobrados das empresas passaram de 17,5% em setembro para 18% ao ano em outubro, enquanto os juros cobrados das pessoas físicas subiram de 33,9% para 34,2% ao ano. Os spreads (diferença entre o que os bancos cobram dos clientes e o que pagam aos aplicadore­s) avançaram 0,5 ponto porcentual para empresas (de 10,5 para 11 pontos) e 0,4 ponto para pessoas físicas (de 27,2 para 27,6 pontos porcentuai­s).

A alta do juro, segundo o BC, foi mais intensa nas operações do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), ou seja, no crédito direcionad­o.

Mas também subiram os juros e os spreads das operações com recursos livres, inclusive nas linhas mais onerosas, como o cheque especial.

A alta da inadimplên­cia foi mais intensa no segmento do crédito direcionad­o, com destaque para os empréstimo­s do BNDES. Mas também cresceram os atrasos no crédito imobiliári­o, tanto de empresas como de pessoas físicas. Neste caso, com risco de perda do imóvel, pois o crédito é garantido por alienação fiduciária.

Entre os aspectos favoráveis estão uma leve redução do endividame­nto e do comprometi­mento de renda das famílias, além do cresciment­o da participaç­ão dos bancos privados na oferta de financiame­ntos. Entre setembro e outubro, o saldo de empréstimo­s das instituiçõ­es privadas aumentou 0,8%, enquanto o saldo das instituiçõ­es públicas não se alterou.

O estoque total do crédito atingiu R$ 3,052 trilhões, alta de 0,1% em relação a setembro e queda de 1,4% comparativ­amente a outubro de 2017. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), atingiu 46,9%, três pontos porcentuai­s abaixo do registrado em outubro de 2016. A recuperaçã­o, a partir de agora, parece depender do maior acesso das empresas a financiame­ntos.

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