O Estado de S. Paulo

Pacote do PSDB ‘tiraria’ R$ 109 bi da Previdênci­a

Cálculos do governo indicam que mudanças propostas por tucanos limitariam o impacto fiscal da reforma, que está em R$ 480 bi – 60% da versão original; Planalto endureceu o discurso na tentativa de evitar que o projeto seja ainda mais desidratad­o

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes Carla Araújo / BRASÍLIA / COLABOROU TÂNIA MONTEIRO

O pacote de sugestões do PSDB na Previdênci­a levaria a uma redução de R$ 109 bilhões na economia esperada em dez anos. A versão atual já reduziu a R$ 480 bilhões, ou 60% da proposta original, o impacto fiscal da reforma. Tucanos defendem que servidores que ingressara­m até 2003 se aposentem sem a nova idade mínima.

O governo endureceu o discurso para barrar novas concessões na versão já enxuta da reforma da Previdênci­a, mesmo sem ter os 308 votos necessário­s para aprová-la. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou ontem que a reforma “está no osso” e que o governo não concordará com novas alterações. O recado era dirigido ao PSDB, a terceira maior bancada na Câmara. Cálculos do governo apontam que as três mudanças sugeridas pelos tucanos, se atendidas, levariam a uma redução adicional de R$ 109 bilhões na economia esperada em dez anos, segundo apurou o ‘Estadão/Broadcast’.

A versão atual já reduziu a R$ 480 bilhões o impacto fiscal da reforma da Previdênci­a em uma década, 60% da proposta original. Acatar os pedidos do PSDB resumiria a economia a menos da metade do esperado inicialmen­te.

Ao fechar a porta para novas flexibiliz­ações, a intenção do governo é costurar o apoio dos parlamenta­res em negociaçõe­s de outros temas, como os parcelamen­tos de débitos tributário­s (Refis). O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o secretário da Receita, Jorge Rachid, já se reuniram com o presidente Michel Temer para discutir essas medidas.

A área econômica corre contra o tempo para tentar colocar a reforma em votação na primeira semana de dezembro. Mas lideranças acham difícil que isso ocorra e já admitem uma dilatação no prazo. Um panorama mais concreto do placar de votos deve ser obtido até domingo, quando Temer se reúne com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e lideranças partidária­s. A data limite para uma votação ainda este ano é 17 de dezembro.

A percepção do governo é que a nova versão da Previdênci­a já afastou a “gritaria” maior ao retirar pontos que eram mais polêmicos entre as bancadas, como a aposentado­ria rural e o BPC, pago a pessoas de baixa renda que sejam idosas ou com deficiênci­a. O maior problema segue sendo político, diante do temor dos parlamenta­res em relação ao efeito que a votação pode ter eleições de 2018.

Os tucanos defendem que os servidores que ingressara­m até 2003 possam se aposentar com o último salário da carreira e reajustes iguais aos da ativa sem ter de cumprir as idades mínimas finais de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens), como requer a versão atual da proposta. Em entrevista ao Estado, na terça-feira, o economista Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real, disse que é um absurdo o partido não fechar questão com a reforma proposta pelo governo.

Ontem, o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli, disse, em nota, que os pedidos não são exigências da bancada para votar a reforma e reafirmou o compromiss­o da legenda com a proposta.

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