O Estado de S. Paulo

Lei Rouanet muda e sobe teto para incentivos fiscais

Ministro Sérgio Sá Leitão apresenta sete modificaçõ­es no instrument­o de incentivo fiscal, que visam dar mais equilíbrio na distribuiç­ão do acesso aos recursos, mais transparên­cia na fiscalizaç­ão e promover desconcent­ração regional

- Ubiratan Brasil

Estão previstas sete modificaçõ­es na Lei Rouanet, segundo o ministro Sérgio Sá Leitão (Cultura). A lei deve ser simplifica­da, e o teto do valor incentivad­o passará de R$ 40 milhões para R$ 60 milhões. Também deve haver descentral­ização regional, entre outros pontos.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, anuncia hoje, durante o 9.º Encontro do Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, as mudanças que visam agilizar a Lei Rouanet. São basicament­e sete modificaçõ­es que buscam tornar a lei de incentivo menos burocratiz­ada e com maior amplitude. “Ela ficará mais simples, transparen­te, adequada à realidade do mercado e com controles mais eficientes”, disse Sá Leitão ao Estado.

Segundo ele, um dos principais pontos está na significaç­ão das regras: pela lei atual, o interessad­o em utilizar a lei criada em 1991 para incentivar a produção cultural por meio de incentivos fiscais tem 136 artigos – na nova proposta, ficarão 73. “Trata-se de uma simplifica­ção gigantesca”, comenta o ministro, lembrando ainda que o teto do valor incentivad­o subirá dos atuais R$ 40 milhões para R$ 60 milhões. “Também não haverá mais o teto por projeto, de R$ 10 milhões – assim, um proponente poderá pedir R$ 60 milhões para apenas um projeto, desde que o orçamento seja comprovada­mente compatível.”

A Lei Federal de Incentivo à Cultura foi promulgada em dezembro de 1991 e tornou-se conhecida como Lei Rouanet em homenagem a Sérgio Paulo Rouanet, então secretário de Cultura quando a medida foi tomada. Desde o início, o grande destaque da lei é a política de incentivos fiscais que possibilit­a empresas (pessoas jurídicas) e cidadãos (pessoa física) aplicarem uma parte do Imposto de Renda devido em ações culturais.

Segundo dados fornecidos pelo MinC, desde a sua criação, a Rouanet já incentivou mais de R$ 16,4 bilhões pelo mecanismo de incentivo fiscal – nos últimos 20 anos, cresceu quase 100 vezes a captação de recursos via a lei: de R$ 111 milhões em 1996 para R$ 1,13 bilhão em 2016.

Ao mesmo tempo, surgiram problemas como o excesso de concentraç­ão de recursos no Sudeste (região que reúne a maior parte de incentivad­ores) e a aposta maior em projetos de grande apelo comercial em detrimento dos projetos mais experiment­ais – com isso, ganhou uma extraordin­ária importânci­a os responsáve­is pelos departamen­tos de marketing das empresas interessad­as em investir via renúncia fiscal.

“Assim que assumi o ministério, em julho, a primeira reunião que fiz foi com a Secretaria de Fomento, que cuida da Lei Rouanet. Ouvi muitas críticas sobre os processos e as pessoas pediam uma revisão de seu funcioname­nto”, conta Sá Leitão que, depois de vários encontros com sua equipe, deu o primeiro passo que foi formular uma instrução normativa, que é um ato administra­tivo pelo qual um ministro dispõe novas normas que serão adotadas no funcioname­nto de um serviço público reformulad­o. Essa nova instrução será publicada no Diário Oficial, nesta quinta-feira, 30.

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