Maduro tentará reeleição na Venezuela
Polarização. Vice-presidente Tareck El Aissami diz que reeleição será uma resposta ao ‘golpismo’ da oposição e à ‘perseguição financeira’ dos EUA; para ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, novo mandato será “uma fraude” e um “assalto ao poder”
O presidente Nicolás Maduro tentará ser reeleito em 2018, segundo o vice Tareck El Aissami. Analistas acreditam que o anúncio possa ser um sinal de que Maduro vai marcar a eleição, ainda sem data definida, para o início do ano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, vai disputar a reeleição no próximo ano, revelou ontem seu vice, Tareck El Aissami, em um comício do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). “Em 2018, vamos ter, graças a Deus e ao povo, a reeleição de nosso irmão Nicolás Maduro como presidente da república”, afirmou.
Em meio a aplausos, El Aissami ressaltou que a reeleição de Maduro será uma resposta ao “golpismo” da oposição e à “perseguição financeira e às sanções dos Estados Unidos”. O mandato do presidente termina no ano que vem, mas ainda não há uma data definida para as eleições.
Analistas acreditam que a candidatura lançada ontem seja indício de que Maduro poderá adiantar a eleição para o começo de 2018, dependendo do desempenho do chavismo na disputa municipal do dia 10.
O ex-prefeito de Caracas e líder opositor Antonio Ledezma disse ontem que a eventual candidatura de Maduro à reeleição será “uma nova fraude” e um “assalto ao poder”, caso não ocorram mudanças profundas no sistema eleitoral da Venezuela antes de os venezuelanos irem às urnas.
Em sua opinião, foi um erro a oposição participar das disputas regionais de outubro e será um erro apresentar candidatos às eleições municipais e à presidência sob as regras atuais. Ledezma fugiu da prisão domiciliar em e cruzou a fronteira com a Colômbia no dia 17. Em seguida, se exilou na Espanha.
Desde que assumiu a presidência, em 2013, após a morte de Hugo Chávez, Maduro viu sua popularidade cair em meio a uma crise econômica sem precedentes. A inflação para este ano é estimada em mais de 2.000% e a população enfrenta grave escassez de alimentos e de medicamentos.
Opositor. “A Venezuela não está à beira do precipício. Está no fundo do precipício”, declarou ontem Ledezma, em Washington. Ele esteve na capital americana para pedir ao presidente Donald Trump que aumente as sanções contra autoridades venezuelanas. O líder opositor defendeu que outros países da região, entre os quais o Brasil, adotem medidas semelhantes contra a Venezuela.
Depois de vitórias da oposição nas eleições legislativas de 2015 e no plebiscito de julho sobre a Constituinte, o chavismo reagiu e elegeu a maioria da Assembleia Constituinte – embora parte dos novos representantes tenha sido indicada por movimentos sociais ligados ao governo – e dos governos estaduais. Opositores dizem que as duas votações foram fraudadas.
Candidatos chavistas venceram a disputa em 18 dos 23 Estados venezuelanos e todas as cadeiras da Assembleia Constituinte, já que a oposição rejeitou participar da disputa.
O grande desafio da oposição é se reorganizar depois da derrota e apresentar um discurso unificado para enfrentar Maduro. Na sexta-feira, Ledezma anunciou em Madri a criação de um novo grupo, Soy Venezuela, com o qual buscará unificar as forças que se opõem ao governo de Maduro.
“A Mesa de Unidade Democrática é um capítulo fechado”, afirmou, em referência à frente que até agora representou a oposição. Em um reflexo das dificuldades na busca de unidade, Ledezma criticou a decisão de correntes da oposição de participar de diálogo com representantes do governo na República Dominicana.
“Nesta recomposição da unidade, temos de criar um novo cenário de participação que ganhe o respeito da opinião pública venezuelana e da comunidade internacional, temos de resolver as contradições entre nós mesmos”, afirmou Ledezma.”
“Em 2018, vamos ter, graças a Deus e ao povo, a reeleição de nosso irmão Nicolás Maduro como presidente da república” Tareck El-Aissami
VICE-PRESIDENTE DA VENEZUELA