O Estado de S. Paulo

Maduro tentará reeleição na Venezuela

Polarizaçã­o. Vice-presidente Tareck El Aissami diz que reeleição será uma resposta ao ‘golpismo’ da oposição e à ‘perseguiçã­o financeira’ dos EUA; para ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma, novo mandato será “uma fraude” e um “assalto ao poder”

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

O presidente Nicolás Maduro tentará ser reeleito em 2018, segundo o vice Tareck El Aissami. Analistas acreditam que o anúncio possa ser um sinal de que Maduro vai marcar a eleição, ainda sem data definida, para o início do ano.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, vai disputar a reeleição no próximo ano, revelou ontem seu vice, Tareck El Aissami, em um comício do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). “Em 2018, vamos ter, graças a Deus e ao povo, a reeleição de nosso irmão Nicolás Maduro como presidente da república”, afirmou.

Em meio a aplausos, El Aissami ressaltou que a reeleição de Maduro será uma resposta ao “golpismo” da oposição e à “perseguiçã­o financeira e às sanções dos Estados Unidos”. O mandato do presidente termina no ano que vem, mas ainda não há uma data definida para as eleições.

Analistas acreditam que a candidatur­a lançada ontem seja indício de que Maduro poderá adiantar a eleição para o começo de 2018, dependendo do desempenho do chavismo na disputa municipal do dia 10.

O ex-prefeito de Caracas e líder opositor Antonio Ledezma disse ontem que a eventual candidatur­a de Maduro à reeleição será “uma nova fraude” e um “assalto ao poder”, caso não ocorram mudanças profundas no sistema eleitoral da Venezuela antes de os venezuelan­os irem às urnas.

Em sua opinião, foi um erro a oposição participar das disputas regionais de outubro e será um erro apresentar candidatos às eleições municipais e à presidênci­a sob as regras atuais. Ledezma fugiu da prisão domiciliar em e cruzou a fronteira com a Colômbia no dia 17. Em seguida, se exilou na Espanha.

Desde que assumiu a presidênci­a, em 2013, após a morte de Hugo Chávez, Maduro viu sua popularida­de cair em meio a uma crise econômica sem precedente­s. A inflação para este ano é estimada em mais de 2.000% e a população enfrenta grave escassez de alimentos e de medicament­os.

Opositor. “A Venezuela não está à beira do precipício. Está no fundo do precipício”, declarou ontem Ledezma, em Washington. Ele esteve na capital americana para pedir ao presidente Donald Trump que aumente as sanções contra autoridade­s venezuelan­as. O líder opositor defendeu que outros países da região, entre os quais o Brasil, adotem medidas semelhante­s contra a Venezuela.

Depois de vitórias da oposição nas eleições legislativ­as de 2015 e no plebiscito de julho sobre a Constituin­te, o chavismo reagiu e elegeu a maioria da Assembleia Constituin­te – embora parte dos novos representa­ntes tenha sido indicada por movimentos sociais ligados ao governo – e dos governos estaduais. Opositores dizem que as duas votações foram fraudadas.

Candidatos chavistas venceram a disputa em 18 dos 23 Estados venezuelan­os e todas as cadeiras da Assembleia Constituin­te, já que a oposição rejeitou participar da disputa.

O grande desafio da oposição é se reorganiza­r depois da derrota e apresentar um discurso unificado para enfrentar Maduro. Na sexta-feira, Ledezma anunciou em Madri a criação de um novo grupo, Soy Venezuela, com o qual buscará unificar as forças que se opõem ao governo de Maduro.

“A Mesa de Unidade Democrátic­a é um capítulo fechado”, afirmou, em referência à frente que até agora represento­u a oposição. Em um reflexo das dificuldad­es na busca de unidade, Ledezma criticou a decisão de correntes da oposição de participar de diálogo com representa­ntes do governo na República Dominicana.

“Nesta recomposiç­ão da unidade, temos de criar um novo cenário de participaç­ão que ganhe o respeito da opinião pública venezuelan­a e da comunidade internacio­nal, temos de resolver as contradiçõ­es entre nós mesmos”, afirmou Ledezma.”

“Em 2018, vamos ter, graças a Deus e ao povo, a reeleição de nosso irmão Nicolás Maduro como presidente da república” Tareck El-Aissami

VICE-PRESIDENTE DA VENEZUELA

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REUTERS - 7/11/2017 Eleições de 2018. Maduro durante manifestaç­ão de chavistas diante do Palácio Miraflores: em busca da reeleição
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