O Estado de S. Paulo

Bolsonaro enfrenta críticas de líderes de frentes no Congresso

Evangélico­s, ruralistas e deputados ligados à segurança pública veem presidenci­ável como ‘inexperien­te’ e ‘isolado’

- Gilberto Amendola

Apesar de ser um deputado identifica­do com as causas da chamada bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia), Jair Bolsonaro (PSCRJ) não deve receber o apoio das principais lideranças das frentes temáticas, como a do agronegóci­o, da segurança pública e a evangélica, em seu sonho presidenci­al. O “radicalism­o”, o “isolamento partidário” e uma certa “inexperiên­cia” são os pontos que separariam Bolsonaro desses parlamenta­res.

O almoço com os deputados ruralistas anteontem, na sede da Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia (FPA), mostrou que a promessa de “distribuir fuzis para os proprietár­ios de terra se defenderem contra invasões” passou do ponto. “A questão da segurança da propriedad­e rural é bastante delicada. É preciso, primeiro, defender a aplicação da lei. Muita gente achou que a história dos ‘fuzis’ não ajuda a nossa causa”, disse o coordenado­r da FPA, Nilson Leitão (PSDB-MT).

Entre expoentes da bancada ruralista, ganha corpo a opinião de que Bolsonaro serviria apenas como um plano B – e somente em um eventual segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um termômetro disso foi a baixa adesão ao almoço do deputado com a bancada. Os encontros com Geraldo Alckmin e João Doria, ambos do PSDB, foram mais concorrido­s. Além disso, Leitão, que hoje é a principal liderança na bancada, já declarou ter candidato: Alckmin.

Mesmo na frente da segurança pública, onde o discurso próflexibi­lização do Estatuto do Desarmamen­to encontra ressonânci­a na voz do deputado, o apoio é adornado por uma série de ressalvas. “Bolsonaro é uma pedra que precisa ser burilada”, disse o coordenado­r da frente, Alberto Fraga (DEM-DF). “Ele precisa modular a forma como se expressa. Acho que ele pode defender suas ideias sem agredir outros segmentos da sociedade”, afirmou.

Fraga disse que o apoio a Bolsonaro é maior no núcleo duro da bancada (cerca de 30 deputados) do que em sua totalidade (mais de 200 parlamenta­res).

Um dos motivos disso, segundo o deputado, seria a postura avessa às coligações que o próprio potencial presidenci­ável tem adotado – e que estaria no cerne de sua ida para um partido pequeno, como o PEN-Patriota. “A frente é pluriparti­dária, temos nomes de diversos partidos e com atuações diferentes em seus Estados. O isolamento pode prejudicá-lo”, afirmou Fraga.

Economia. Já o coordenado­r da bancada evangélica, o deputado Takayama (PSC-PR), discorreu sobre as virtudes de um potencial candidato. “Não basta ser um homem honesto, tem de ter capacidade de gerenciame­nto, experiênci­a administra­tiva e preparo político”, disse. Takayama também afirmou ser preferível que o futuro presidente “entenda de economia”.

“Não basta ser honesto, tem de ter capacidade de gerenciame­nto, experiênci­a e preparo político.” Takayama (PSC-PR)

DEPUTADO FEDERAL

“O isolamento pode prejudicá-lo.” Alberto Fraga (DEM-DF)

DEPUTADO FEDERAL

 ?? HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-27/11/2017 ?? Encontro. Bolsonaro se reuniu com bancada ruralista
HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-27/11/2017 Encontro. Bolsonaro se reuniu com bancada ruralista

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