O Estado de S. Paulo

‘Neymar está muito bem no seu novo papel de líder’

Campeão do mundo em 2010, espanhol afirma que brasileiro tem tudo para ser o melhor jogador da Copa da Rússia

- Raphael Ramos

A sorte (ou azar) do Brasil no sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2018 pode estar nas mãos do espanhol Carles Puyol. O ex-jogador do Barcelona foi um dos escolhidos pela Fifa para fazer parte da escolha das chaves do Mundial, amanhã. Antes de desembarca­r em Moscou, Puyol, campeão do mundo em 2010, falou com o Estado e afirmou que Neymar tem tudo para ser o melhor jogador da Copa de 2018. “Ele está muito bem no seu novo papel de líder do Brasil e já demonstrou seu potencial nas Eliminatór­ias”, disse.

Qual é a sua opinião sobre o futebol atual? O aspecto físico é mais importante que o talento? No futebol não vale ter só talento ou uma ótima forma física. Cada jogador tem habilidade­s diferentes. Na minha opinião, todos os jogadores que tiveram êxito têm grande força mental, que se traduz, por exemplo, em capacidade física, gestão da pressão e estresse, gestão de emoções e capacidade de não perder o foco e reconhecer seus pontos fortes e limitações. Minha experiênci­a me diz que talento e força física devem estar de mãos dadas.

Quem é o favorito para ser o melhor jogador da Copa do Mundo de 2018?

Esta Copa vai reunir muitos jogadores em grande momento esportivo. Tudo dependerá de como eles terminarão a temporada em seus respectivo­s clubes. Agora mesmo, Messi está um passo acima de todos os outros. Ele já foi o melhor jogador da última Copa e não seria incomum repetir esse feito. Messi continua evoluindo e surpreende­ndo. Neymar também está fazendo um ótimo ano no PSG. Ele está muito bem no seu novo papel de líder do Brasil e já demonstrou seu potencial nas Eliminatór­ias. Cristiano Ronaldo e Suárez também estarão bem, mesmo que suas seleções sejam menos favoritas.

Quais são as equipes favoritas para vencer a Copa?

Em uma competição desse tipo, é difícil prever um ganhador. Existem muitos candidatos e cada um deles tem um ponto forte. Creio que os favoritos são Brasil, Espanha, França, Alemanha e, também, a Argentina. Embora tenham se classifica­do no último jogo, eles têm Messi, um jogador que faz a diferença e que quer um dos grandes títulos do futebol, e que lhe falta. Depois, há um segundo grupo forte, com Inglaterra e Portugal.

Você acha que alguma seleção pode surpreende­r?

Sempre há surpresas. Eu vejo de maneira positiva que seleções menos usuais cheguem à fase final. Elas trazem ar fresco para a Copa e fazem os fãs mais neutros se identifica­rem com uma equipe. Em 2014, Costa Rica e Colômbia desempenha­ram um papel excelente. No ano que vem, na Rússia, seleções como Bélgica e Croácia podem ser as revelações por seu grande potencial. Temos também a Islândia, que já surpreende­u na Eurocopa.

Você acha que a Copa da Rússia será capaz de apresentar inovações táticas? Certamente terão seleções com táticas diferentes ou que implementa­rão algumas nuances, como jogar na defesa com três ou cinco jogadores ou incluir mais atletas no meio de campo. Tudo depende de como os treinadore­s se adaptarão aos jogadores. Será interessan­te ver como isso se desenvolve­rá e como as equipes se prepararão. Todos os treinadore­s hoje em dia estão preparados, conhecem os rivais e sempre preparam surpresas.

Por que a Espanha foi eliminada na primeira fase da Copa do Mundo de 2014?

No Brasil, havia muita expectativ­a de conquista do título pela Espanha, depois de o time ter vencido uma Copa e duas edições da Euro. Em um Mundial, você deve reunir muitos fatores para ganhar. Você depende dos seus melhores jogadores e que todos cheguem ao seu melhor fisicament­e. No caso da Espanha, os jogadores mais importante­s chegaram à Copa com grande carga de partidas ou depois de lesões. Cair na fase de grupos como favorito foi um golpe muito duro.

Quais são as chances de a Espanha vencer a Copa de 2018? A Espanha é uma das favoritas, mas ainda falta muito. É importante ver como os jogadores chegarão à Copa após uma longa temporada. A Espanha tem hoje um bom grupo que mescla jogadores jovens, com fome e entusiasmo, e atletas experiente­s, que já sabem o que é ser campeão mundial.

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JONATHAN MILLER PHOTOGRAPH­Y Favoritas. Para Puyol, Brasil, Espanha, França, Alemanha e Argentina têm mais chances de ganhar a Copa da Rússia

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