Testemunha cita a Globo e liga cartolas brasileiros a propina
O julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin prosseguiu ontem em Nova York e a TV Globo voltou a ser citada por uma testemunha do Tribunal do Brooklin por suposta irregularidade. Em depoimento, o empresário argentino Eladio Rodríguez, de 71 anos, falou sobre possíveis mecanismos de propina para o pagamento de direitos de transmissão de competições como Copa América e Copa Libertadores.
Rodríguez também mencionou durante o depoimento o próprio Marin, além de outro ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e do atual ocupante do cargo, Marco Polo Del Nero.
O empresário depôs durante duas horas. Ele era o principal funcionário de Alejandro Burzaco, o argentino que era alto executivo da Torneos y Competencias (T&T). Rodríguez disse que uma offshore dessa companhia foi criada na Holanda para receber os pagamentos de grupos de comunicação, entre eles a TV Globo. A partir de transferências bancárias à empresa holandesa, os valores eram repassados a dirigentes sul-americanos.
A testemunha de acusação afirmou que a T&T mantinha planilhas de contabilidade paralelas em que os dirigentes sulamericanos apareciam identificados como “iluminados”. Sob esse codinome, os documentos mostram a aparição da palavra Globo em quatro ocasiões e associada a repasses que somam mais de R$ 40 milhões sobre direitos de transmissão.
Rodríguez explicou no tribunal que o termo “brasileiro”, presente em documentos da empresa argentina, era forma de identificar os presidentes da CBF destinatários da propina.
Em nota enviada ao Estado, a comunicação da Globo negou as acusações. “O Grupo Globo comprou em boafé os direitos da Copa Libertadores da empresa T&T Holanda, então detentora dos direitos. O Grupo Globo está muito surpreso com as alegações feitas no julgamento de que aquela empresa era usada para o pagamento de propinas a terceiros e reafirma que não tolera nem paga propinas”, diz o comunicado.
Também por nota, Del Nero diz que “nega, com indignação que tivesse conhecimento de qualquer esquema de corrupção’’, e que “nunca participou de qualquer irregularidade’’. Teixeira nega recebimento de propina. A defesa de Marin só vai se posicionar ao fim do julgamento.