O Estado de S. Paulo

Partidos da base aliada não fecham questão sobre reforma

Posição de lideranças da base aliada atrapalha a articulaçã­o do governo para conseguir os 308 votos necessário­s à aprovação da Previdênci­a

- Igor Gadelha / BRASÍLIA COLABORARA­M IDIANA TOMAZELLI, CARLA ARAÚJO, TÂNIA MONTEIRO E MÔNICA SCARAMUZZO

Sem consenso em suas bancadas, a maioria dos partidos da base aliada não deve fechar questão a favor da reforma da Previdênci­a. Ou seja: as lideranças partidária­s vão recomendar o voto com o governo, sem obrigar os deputados a seguirem a recomendaç­ão.

Isso atrapalha a articulaçã­o do governo para conseguir os 308 votos necessário­s à aprovação da reforma na Câmara. O fechamento de questão sobre um tema é uma decisão tomada pela maioria da executiva nacional de um partido. Quando isso acontece, os parlamenta­res que votarem de forma diferente podem ser punidos até com expulsão do partido.

Há também o fechamento simbólico de questão. Nesse caso, porém, não costuma haver punição. Entre os partidos da base aliada que não devem fechar questão a favor da Previdênci­a está o PMDB, sigla do presidente Michel Temer e que tem a maior bancada da Câmara, com 60 deputados.

Presidente do partido, o senador Romero Jucá (RR) diz que não há movimentaç­ão nesse sentido. O líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), evita falar em números de votos na bancada, mas diz que a sigla “não será problema para o governo”.

A maioria dos partidos do chamado Centrão deve seguir o PMDB. “Não tem como fechar questão num tema desses”, disse o líder do PR, José Rocha (BA). Segundo ele, “se forçar muito”, a bancada, que tem 37 deputados, poderá dar 15 votos a favor da reforma. “Como nas votações anteriores, o PSD não fechará questão”, disse o líder da legenda, deputado Marcos Montes (MG), que comanda uma bancada de 38 parlamenta­res.

Também integrante­s do Centrão, PTB, Solidaried­ade, PSC, PRB dizem que a tendência é de não fechar questão. “Se fechar, vai machucar os três ou quatro que devem votar contra”, declarou o vice-presidente nacional do PTB, deputado Benito Gama (BA), um dos 17 parlamenta­res da bancada. O DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também decidiu não fechar questão. “Sem fechamento, mas com orientação a favor”, disse o líder da sigla, deputado Efraim Filho (PB).

Partido com a segunda maior bancada na Câmara, com 47 deputados, o PP não garante que fechará questão. “O PP só fechará questão se tiver uma maioria esmagadora”, declarou o líder da legenda, Arthur Lira (AL). Ele diz, porém, não saber ainda o placar de votos na bancada, pois não começou a ouvir os deputados. “Não sei de onde a imprensa tirou que vamos dar 40 votos. Mas nosso partido também não é dos piores”, afirmou.

Presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman também evitou se compromete­r com o fechamento de questão. “Se houver uma decisão a esse respeito, a imprensa saberá no momento certo. Uma matéria dessas não se comenta pela imprensa”, afirmou. O partido apresentou ao governo uma série de sugestões de mudanças no texto da reforma.

Empresário­s. Um grupo de 50 empresário­s, executivos do mercado financeiro e profission­ais liberais esteve ontem fazendo um corpo a corpo com deputados da base governista para pedir a aprovação da reforma. Os integrante­s do movimento “Renova Previdênci­a” defendem uma reforma ampla. /

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