O Estado de S. Paulo

Trecho de BR-163 tem negociação adiantada

Rota do Oeste tinha de duplicar 453 km, mas só fez a obra por 117 km e quer diluir o restante pelos próximos 14 anos

- / L.A.O.

A concession­ária mais adiantada na renegociaç­ão de prazo para realização de investimen­tos é a Rota do Oeste, que administra um trecho de 850,9 km da BR-163 em Mato Grosso. O contrato prevê a duplicação dos 453 km de pista simples da via. Até o momento, a empresa entregou 117 km. E, segundo informou, pretende diluir o restante do investimen­to ao longo de 14 anos.

Uma dilatação tão grande no prazo provocou protestos na Câmara dos Deputados, que na semana passada discutiu a Medida Provisória (MP) 800 na Comissão de Viação e Transporte­s. “Quatorze anos não é um prazo razoável”, protestou o deputado Xuxu dal Molin (PSC-MT). Ele afirmou que, da forma como está, a rodovia “não aguenta a próxima safra” e que os investimen­tos são urgentes. A BR-163 é a principal via de escoamento da produção de grãos.

A Rota do Oeste informou que vê na adesão à MP uma possibilid­ade de retomar os investimen­tos, paralisado­s em 2016 pela falta do financiame­nto solicitado ao Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). “Tal retomada seria dada por meio de reescalona­mento de seus investimen­tos, com a elaboração de um novo cronograma de obras, com prioridade aos pontos de maior demanda”, informou.

Desde que iniciou a operação da rodovia, a concession­ária arrecadou R$ 720 milhões em receitas de pedágio. No período, os investimen­tos realizados somaram R$ 1,8 bilhão. A diferença mostra a importânci­a do financiame­nto no equacionam­ento do negócio, cujos investimen­tos são concentrad­os nos primeiros anos do contrato.

Além da Rota do Oeste, a MGO Rodovias informou que ingressará com o pedido de reprograma­ção de investimen­tos esta semana. Ela administra 436,6 km da BR-050 em Goiás e Minas Gerais. Seu contrato previa a duplicação de 219 km. Faltam 90 km. Segundo o presidente da concession­ária, Paulo Lopes, não será necessário repactuar os investimen­tos por 14 anos, e sim por 12.

Sucesso. Formada por construtor­as de porte médio, a MGO não tem envolvidos na Lava Jato. É apontada no governo como exemplo de sucesso entre as empresas da Terceira Etapa. Mesmo assim, o presidente avalia que a regra veio em boa hora, pois com isso não será necessário vender participaç­ão acionária para fortalecer o caixa. Pelo contrário, a concession­ária fica com fôlego para arrematar outros trechos rodoviário­s que o governo pretende leiloar no ano que vem.

Outras integrante­s da chamada Terceira Etapa analisam fazer o mesmo. A Concebra, que explora 1.176,5 km de três rodovias federais (BRs 060, 153 e 262) no Distrito Federal, em Goiás e em Minas Gerais, avalia pedir mais prazo para concluir seus 528,7 km de obras de duplicação. Ela informou que aguarda uma regulament­ação da Agência Nacional de Transporte­s (ANTT) para decidir.

A MS Via, responsáve­l por 847,2 km da BR-163 em Mato Grosso do Sul. Pelo contrato, tem 818 km para duplicar até 2019. Segundo a concession­ária, já foram executados 138,5 km até abril um volume acima do compromiss­o fixado para o período, que eram 129 km.

Consultada­s, a Eco 101 e a Ecoponte informaram que não se pronunciar­iam sobre a MP 800. Elas administra­m, respectiva­mente, 475,9 km de da BR101 no Espírito Santo e a Ponte Rio-Niterói.

A Via 040, que cuida de 936,8 km da BR-040 no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, optou por um caminho diferente. Ela pretende devolver o trecho rodoviário ao governo, para que seja novamente leiloado.

Caso mais grave entre as concessões da Terceira Etapa, a BR-153 entre Goiás e Tocantins foi retomada pelo governo. Arrematada pela Galvão Engenharia, ela estava praticamen­te abandonada. Ao ser retomada, voltou para as mãos do governo, que fez uma operação tapaburaco. O trecho foi incluído na carteira do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI) para ser novamente leiloado no fim de 2018.

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RAIMUNDO PACCÓ/FRAMEPHOTO-10/3/2017 Logística. A rodovia BR-163 é a principal para o escoamento da produção de grãos

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