O Estado de S. Paulo

Catadora diz que ganha R$ 5 por dia no Recife

- Monica Bernardes ESPECIAL PARA O ESTADO / RECIFE

Sem emprego fixo e com três filhos pequenos, Maria da Paz Oliveira, de 28 anos, faz bicos como catadora de reciclávei­s no Recife, mas nem sempre consegue o suficiente para alimentar a família – o marido dela também está desemprega­do e se recupera de um atropelame­nto.

“Minha maior sorte é que não tenho que pagar aluguel, porque o barraco onde moramos eu ganhei da minha mãe. Se não fosse isso, a gente estava na rua. Tem dias que recebo R$ 5 vendendo latinhas de alumínio, vidro e papel. Em outros, nem isso. Sinto muita vergonha e não consigo pedir esmola na rua. Nem creche eu consegui para as crianças. Porque aí pelo menos eles iam ter o lanche”, contou.

O caçula da família, P.O.S, de 7 meses, enfrenta problemas de saúde e, segundo a mãe, foi diagnostic­ado com anemia e desnutriçã­o. “Eu sofro muito. Já pensei até em roubar, mas de que adianta? Já pensou se eu acabar na cadeia? Quem vai cuidar dos meus filhos?” Na casa de quatro cômodos, a família vive sem água encanada e energia elétrica. Não há cama ou colchão para todos. As crianças dividem a mesma escova de dente e os poucos brinquedos.

Na comunidade onde Maria da Paz mora, no bairro do Coque, na região central do Recife, essa é a realidade de muitas famílias. A renda mensal de muitas famílias não chega a R$ 50, segundo informaçõe­s do Conselho de Moradores do Coque.

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ANA DANTAS Desespero. ‘Já pensei em roubar’, diz Maria da Paz

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