O Estado de S. Paulo

O processo como chave da cena

- JOÃO WADY CURY E-MAIL: JOAO.CURY@ESTADAO.COM BLOG:CULTURA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/ARCENICO

Semana passada, o dramaturgo Sergio Roveri digitou as últimas palavras de sua nova peça, Neblina. É uma encomenda do ator mineiro Leonardo Fernandes, que passou por São Paulo e Rio com Cachorro Enterrado Vivo. A construção do texto foi um parto diferente: a cada cena escrita, Roveri enviava o texto para o ator, que a lia e desenhava de volta uma provocação. Artística, é óbvio. Seguiu-se assim por dois meses até a semana passada. “Nunca fiz algo parecido e adorei”, diz Roveri. Leonardo, do seu lado, já convive com seu personagem em uma sala de ensaio e o vem compondo lentamente a cada trecho que lê. Algo de perder o fôlego. A peça estreia no primeiro semestre de 2018, possivelme­nte em São Paulo. FOGO EM CAMPINAS

O VII Simpósio Internacio­nal Reflexões Cênicas Contemporâ­neas promete incendiar a cidade do interior paulista, de 20 a 23 de fevereiro do ano que vem – mas que já está com inscrições abertas na internet (lumeteatro.com.br). A organizaçã­o é do Lume Teatro, grupo ligado à Unicamp e focado na arte clown, que convidou profission­ais da área e estudiosos das artes cênicas para debater assuntos como os limites da dramaturgi­a atual e como expandi-los. Na mesa, as dramaturga­s Michelle Ferreira (Brasil) e Patrícia Cardona (México) e o dramaturgo brasileiro Newton Moreno.

FOGO EM MADRI

O Lume Teatro, criado pelo ator Luís Otávio Burnier (1956-1995) em 1985, não dá ponto sem nó. Vai levar todo o seu fogo clown para a capital espanhola neste fim de semana, em duas apresentaç­ões no sábado e domingo, sempre às 20h30, na Sala El Montacarga­s. Cabaré efêmero é a montagem da companhia que será apresentad­a por um dos diretores do Lume, Ricardo Puccetti (foto abaixo). Ele é o criador do espetáculo e também atua na pele do palhaço Teotônio – que durante 50 minutos ininterrup­tos faz improvisaç­ões para envolver o público em seu mundo. Tudo a ver com o estilo do grupo espanhol El Montacarga­s, dono do teatro, que também utiliza-se de técnicas slownescas em suas montagens.

TURBINANDO A CENA Aliás, o modelo de gestão do grupo El Montacarga­s é dos mais curiosos e poderia explicar a solidez da sala de espetáculo­s e da própria companhia, que nasceu há 30 anos exatamente. Desde a criação, centra seu trabalho em pequenos e médios formatos cênicos. E o melhor: o espectador pode se tornar sócio da sala pagando 80 euros anuais para ter em troca benefícios como um ingresso grátis para cada peça daquele ano e desconto para o ingresso do acompanhan­te. Não para por aí. Há outros benefícios como desconto no bar do teatro, na locação da sala de ensaios e em ingressos de peças apresentad­as em teatros associados ao Montacarga­s. Fidelizaçã­o e compromiss­o, é um modelo a se pensar.

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REPRODUÇÃO LEONARDO FERNANDES Cenas. Do ator para Roveri
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LUME TEATRO
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