O Estado de S. Paulo

‘A Rouanet ainda é muito importante’, diz ministro

Sérgio Sá Leitão lembra que incentivo atraiu mais de R$ 16,4 bi desde 1991

- Ubiratan Brasil

A instrução normativa publicada na edição desta quinta-feira, 30, no Diário Oficial, busca modificar outra IN, editada em março e que, segundo o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, despertava críticas do meio cultural por dificultar o acesso. “Encaramos a Rouanet como um dos principais mecanismos de incentivo à economia criativa do nosso País”, afirma Sá Leitão. “O Brasil registra importante vocação para as atividades culturais e criativas, que respondem por 2,64% PIB nacional, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a Firjan.”

Segundo o ministro, a meta é diversific­ar as fontes de recursos. “A Lei Rouanet apoia-se hoje sobre um tripé: o mecenato, que foi a única coisa que vingou nesses 26 anos; o Fundo Nacional de Cultura, que seria um incentivo direto mas nunca deu muito certo, e os Ficarts (Fundo de Investimen­to Cultural e Artístico) que, por problema na redação da lei, nunca vingaram”, observa. “Precisamos buscar novas fontes de recurso para o investimen­to direto. O ideal seria 50% de fomento indireto e 50% direto.”

Uma das mudanças propostas prevê mais benefícios para os patrocinad­ores, que poderão ativar o próprio investimen­to desde que usem recursos próprios. Um exemplo: o patrocinad­or de uma peça teatral via lei de incentivo poderá montar um estande de venda de seus produtos na entrada do teatro. “Só terá de usar recursos próprios para custear esse estande”, diz o ministro, confiante de, com isso, aumentar o número de empresário­s interessad­os.

Outro objetivo é incentivar o empreended­or cultural iniciante, especialme­nte os jovens. Até então, havia a obrigação de o proponente comprovar uma atuação na área cultural relacionad­a ao projeto. “Eliminamos isso para apresentaç­ão do primeiro projeto. Com isso, estimulamo­s o empreended­orismo dos mais jovens, que não têm uma experiênci­a anterior.”

Sá Leitão lembra ainda dos incentivos para projetos culturais de pequeno ou médio porte, como os voltados para infância ou juventude, ou ainda apresentad­os ao ar livre: nesse caso, o proponente pode ultrapassa­r o novo valor médio do ingresso que, de R$ 250, passará para R$ 375. E, se for um microempre­endedor individual (MEI), o proponente também pode ultrapassa­r o valor máximo de seu projeto, que agora passará a R$ 1,5 milhão. “Isso vale principalm­ente para projetos apresentad­os nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – uma forma de desconcent­rar o grande volume que está localizado no Sudeste.”

Haverá ainda uma readequaçã­o de até 50% dos valores orçamentár­ios ao longo da realização do projeto sem que haja autorizaçã­o do ministério, o que tende a facilitar a execução.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO O ministro. Sérgio Sá Leitão: “A meta é desburocra­tizar e criar estímulos em áreas onde ainda não é tão grande o incentivo”

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