Não existe um público cervejeiro – há vários
O que Ambar, Barley e Cateto têm em comum? Os três são excelentes bares de cervejas especiais. Lugares em que a cerveja é bem tratada, armazenada em câmara fria, servida em linhas de chope limpas, em copos limpos – chegam ao bebedor de um jeito que, poucos anos atrás, parecia sonho ou exceção. Perfeitas, como o cervejeiro imaginou, como o bebedor nem sabia que queria.
Dentro do copo, parecidos. Agora, fora do copo, tudo muda. Da história de cada um desses bares deriva um pouco seu público. Assumindo que todo estereótipo é injusto (eu mesma frequento os três), o Ambar é arrumadinho, o Barley é cervejeiro barbudo e o Cateto é hipster. E assim, olhados como um trio, ilustram uma mudança no público cervejeiro.
O público cervejeiro só aumenta. Veio crise, piorou crise, ficou pior ainda, e mesmo assim só fez crescer a quantidade e variedade de pessoas interessadas em trocar a cervejinha do boteco por um copo de cerveja artesanal, ainda que só de vez em quando. Resultado: surgem cada vez mais bares que refletem esse crescimento. Vai ficando mais fácil encontrar um lugar que tenha a sua cara.
Lançamentos que antes eram concentrados sempre no mesmo bar – o Empório Alto dos Pinheiros – passaram a se espalhar por outros endereços. A Ruradélica apresentou sua Crocodilo Double IPA no Cateto. A Trilha apresentou a Melonrise no Âmbar. A Treze engatou a Baleia Triple IPA pela primeira vez no Barley. “Não faz sentido toda cerveja ser lançada aqui. As cervejarias que entenderem seu público e souberem a qual bar ele vai saem ganhando”, diz Paulo Almeida, dono do EAP, que ainda faz nove entre dez lançamentos em São Paulo mas aprova a diversificação.
“Não existe mais ‘o público cervejeiro’, existem públicos cervejeiros, ocupando bares cada vez mais legais”, comemora um dos pioneiros desse mercado. Nesta semana, escolhi alguns endereços para ajudar você a encontrar o seu.