O Estado de S. Paulo

Problemas de hoje ameaçam expansão futura do campo

Entre os obstáculos estão alta dependênci­a de potássio, custo excessivo de produção e falta de comunicaçã­o

- / C.T., L.P. e N.F.

Problemas relacionad­os a questões tributária­s, gargalos logísticos, falta de garantia de renda e restrição de oferta de importante­s insumos foram apontados no Summit Agronegóci­o como motivos para que o País tenha um dos níveis mais elevados do mundo em despesas no agronegóci­o. “O custo de produção no Brasil é 79% superior ao da Argentina e 39% acima das despesas no Uruguai”, afirmou o embaixador e presidente executivo da Associação Brasileira Indústria Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, no painel “Tendências – o futuro do agro”.

O dirigente vê um acirrament­o na competitiv­idade entre os produtores de commoditie­s agrícolas no mundo, diante dos avanços de produtivid­ade em todos os países. Além disso, Barbosa diz que estão ocorrendo alterações geopolític­as importante­s desde a entrada mais forte da China no comércio exterior, com as quais os players do mercado precisam lidar.

Falta comunicar. O ex-ministro da Agricultur­a e coordenado­r do Centro de Estudos do Agronegóci­o da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro), Roberto Rodrigues, ressaltou, no mesmo painel, a necessidad­e de o setor comunicar melhor a sua relevância para a economia do País. “Temos incompetên­cia brutal em comunicar a importânci­a do agro”, disse Rodrigues. “Falta o setor urbano assumir a importânci­a do segmento rural. Renda no campo não é questão para produtor, é para toda sociedade.”

De acordo com ele, seguro, crédito e preço de garantia são três peças conjuntas para a política agrícola, mas disse que o acesso ao seguro não avançou na mesma velocidade dos demais. “Seguro rural é tão importante ou mais do que crédito rural”, afirmou. Neste ano-safra, especifica­mente, em que houve atraso no plantio de soja no Centro-Oeste e se pode adiar também o milho safrinha, há risco climático maior envolvido, com possibilid­ade de lucro menor, apontou o ex-ministro.

Sobre a restrição da Rússia à importação de carnes do Brasil, Rodrigues ressaltou a importânci­a de o País não mostrar “fragilidad­es” perante os clientes. “O governo está trabalhand­o firme (para solucionar a questão), a solução virá, mas com algumas perdas já consignada­s”, disse.

Também presente ao painel, o deputado federal pelo PSD-PR e ex-ministro da Agricultur­a, Reinhold Stephanes, ressaltou a possibilid­ade de, no futuro, faltar adubo para o Brasil, principalm­ente o potássio. Ele lembrou que o País é extremamen­te dependente desse nutriente, o que é uma preocupaçã­o para o setor e que tem condições de ser solucionad­a. “Temos a terceira maior reserva de potássio do mundo”, disse o ex-ministro, que acrescento­u: “Há sustentabi­lidade para exploração dessas reservas”.

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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Insumos. Stephanes alerta sobre escassez de adubo
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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Peso. Produzir na Argentina é mais barato, diz Barbosa

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