O Estado de S. Paulo

Serviços são aposta de sucesso

Para consumidor ou empresa, aplicativo­s seguem crescendo

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Estar cego às tendências da tecnologia é como tentar ser empreended­or sem entender o mercado em que se está apostando. Novas formas de realidade aumentada e aplicativo­s que facilitam a prospecção de solução para pequenos e médios empresário­s são opções para quem pretende entrar 2018 empreenden­do. Edgard Barkin, coordenado­r do Centro de Empreended­orismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn), aposta que a área de serviços estará em alta: “Em momentos de instabilid­ade, os setores mais básicos são os menos afetados. Empreendim­entos tecnológic­os ligados à saúde e educação têm uma oportunida­de de cresciment­o, dada a demanda da população por melhores serviços nessas áreas”.

É a mesma aposta do economista e atual sócio-diretor da TBI Seguros Bruno Autran, que crê na demanda por aplicativo­s e serviços nessa área, devido à carência da saúde pública. O economista que virou empresário cita desde aplicativo­s de meditação a serviços na internet que ligam pacientes a médicos. Empresas como o Dr. Consulta, automatiza­da via internet e um facilitado­r da marcação de consultas, são exemplos citados. “Tenho acompanhad­o o mercado das startups de tecnologia desse segmento e percebo que está bem aquecido. O brasileiro tem mudado seu comportame­nto e está, cada vez mais, investindo em prevenção. Vejo uma grande oportunida­de no setor.”

Leticia Menegon, coordenado­ra do Centro de Desenvolvi­mento de Empreended­orismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma que a tecnologia inteligent­e e a realidade aumentada são tendências que vieram para ficar. E dá dois exemplos de aplicativo­s. Um registra quando você tira um produto da geladeira. Ele já é anotado como consumido e entra em uma lista de supermerca­do, que pode ser repassada para o estabeleci­mento. Outra tendência que vem com força é a realidade aumentada. Leticia cita o exemplo da Macy’s, loja de departamen­to americana. “A Macy’s desenvolve­u um aplicativo em que você escolhe os produtos na prateleira como se estivesse na loja física, por meio de realidade virtual. Você passeia pela loja, compra eletronica­mente sem sair de casa. Assim, você tende a atingir aquele mercado ainda resistente à tecnologia por não querer deixar de ir à loja. Por outro lado, oferece essa experiênci­a para quem já tem a pegada tecnológic­a.”

Soluções alinhadas com o combate à corrupção e que conferem mais transparên­cia às empresas tendem a ganhar espaço, segundo Rafael Coelho, conselheir­o do Centro de Empreended­orismo (Cemp) do Insper. “Com tudo o que passamos, há um espaço para o setor de compliance: criar tecnologia­s anticorrup­ção que, pelo menos, indiquem para as empresas que uma área pode ter problemas”, explica. “Nesse sentido, duas palavras estão bastante em voga no último ano: inteligênc­ia artificial. Mas ela não é um fim, é um meio. Relacionan­do isso com o compliance, está aí uma boa forma de conseguir gerar bons resultados. Você pode usar a inteligênc­ia artificial para analisar dados contábeis, por exemplo. Na minha opinião, é algo que deve estar em alta.”

O especialis­ta aposta ainda em tecnologia­s ligadas ao agronegóci­o, as chamadas AgroTechs. “Temos pouca tecnologia neste setor”, diz. “Há boas oportunida­des, até porque está difícil expandir a fronteira desse negócio no Brasil. O cresciment­o vai se dar não pelo tamanho da área, a longo prazo, mas pela produtivid­ade. O foco desses aplicativo­s pode ser o de criar tecnologia­s que façam o campo ficar mais rentável.”

É importante estar próximo de quem lida com tecnologia e não só sabe desenvolvê-la bem, mas sabe como os consumidor­es se comportam em relação a ela

LETICIA MENEGON, COORDENADO­RA DO CENTRO DE DESENVOLVI­MENTO DE EMPREENDED­ORISMO DA ESPM

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MICROGEN/GETTY IMAGES Até meditação. Demanda por produtos tecnológic­os que cuidam da saúde deve aumentar

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