O Estado de S. Paulo

Empresário investiu na diversific­ação

Varejo híbrido e serviços inovadores serão estratégic­os em mercado cada vez mais competitiv­o

-

Àmedida em que as contas de energia, gás e água e alguns impostos foram ficando mais caros, sem que o movimento aumentasse no restaurant­e Friccò, na zona sul de São Paulo, o chef italiano Sauro Scarabotta procurava alternativ­as para garantir a margem de faturament­o. Pesquisava o mercado e consultava profission­ais de marketing, contabilid­ade e administra­ção. A solução foi diversific­ar o negócio, o que fez em grande estilo.

Scarabotta abriu um espaço que serve, vende e ensina as artes da salumeria e da panificaçã­o artesanais. Embutidos como a pancetta e o guanciale (bochecha de porco) estão no centro da proposta, acompanhad­os pelos pães de fermentaçã­o natural. A novidade fica na entrada do restaurant­e, o que atrai novos clientes e economiza no aluguel. “Nós achamos que o selo artesanal seria o diferencia­l que a gente buscaria para superar a dificuldad­e do momento”, conta.

A diversific­ação deve se manter em alta no mercado de pequenas empresas durante 2018, segundo especialis­tas. No caso de Scarabotta, a degustação de embutidos está altamente ligada à sua especialid­ade na cozinha, mas até serviços completame­nte diferentes no mesmo espaço podem se tornar mais comuns.

“Os empreended­ores devem estar muito antenados em relação ao que se chama de varejo híbrido”, conta a coordenado­ra do Centro de Desenvolvi­mento de Empreended­orismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Leticia Menegon. As possibilid­ades podem ser as mais inusitadas: bares que também abrigam loja de roupas, ou lavanderia­s que oferecem almoço e café. “Além de consumir (o serviço da) lavanderia, por exemplo, você consome outras coisas nesse local. São produtos e serviços oferecidos no mesmo lugar.”

A dica de quem usou a diversific­ação como estratégia para fugir da crise é não esquecer de fazer a “lição de casa”. Pesquisar qual é a receptivid­ade do público a uma novidade, planejar e dar atenção constante à eficiência nos custos, além de regras consagrada­s, também servem para evitar que o projeto tenha vida curta.

O laboratóri­o veterinári­o Mundo Animal tem apostado em novos segmentos para se manter competitiv­o no mercado pet, que cresceu 7% em 2016. A empresa de Pindamonha­ngaba, no interior paulista, começou há 32 anos como fabricante de xampu para cães e gatos, mas hoje aposta em suplemento­s alimentare­s que ajudam na absorção de nutrientes, tratamento­s terapêutic­os e prevenção de doenças. “Lançar novos produtos é uma maneira de crescer”, diz a diretora comercial do laboratóri­o, Priscila Martins. “É totalmente ilusório achar que você vai sempre crescer em todos os seus itens. É preciso encontrar maneiras de substituir esse faturament­o.”

Já o chef Scarabotta diz que, em 2018, os empresário­s terão de se profission­alizar para aumentar o leque de serviços. Até a crise, ele diz, o lucro de um só negócio costumava ser suficiente para sustentar a pequena empresa. Hoje, a competição exige buscar diferencia­is, mas o chef alerta que há riscos. “Aumenta o trabalho, vou ter de cuidar de mais de um assunto ao mesmo tempo, então aumenta a margem de erro. É como o velho ditado: ‘Se eu coloco muita carne na brasa, a chance de queimar é maior’.”

 ?? TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO ?? Novos clientes. Scarabotta apostou em salumeria e panificaçã­o artesanais
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Novos clientes. Scarabotta apostou em salumeria e panificaçã­o artesanais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil