O Estado de S. Paulo

‘Crise gerou um ganho de eficiência’

Para o professor, lucrativid­ade será maior após retomada do consumo

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As pequenas e médias empresas ainda não começaram a sentir os efeitos de uma melhora da economia brasileira, segundo Alexssandr­o Mello, professor do Programa de Capacitaçã­o da Empresa em Desenvolvi­mento da Fundação Instituto de Administra­ção (Proced/FIA). Para Mello, esse movimento ainda está restrito a indicadore­s econômicos. Mas o professor do Proced/FIA acredita que o próximo ano será melhor e que as empresas ganharam muita eficiência, percebendo que podem fazer o trabalho com menos gente. Assim, uma melhora da economia trará mais lucro.

• Quais são as dificuldad­es enfrentada­s em 2017?

Se a gente olhar para a questão de empreended­orismo, foi muito difícil empreender porque o começo de um negócio é justamente aquele em que você precisa começar bem. O mais importante é o primeiro cliente. Então a gente está saindo de um momento muito turbulento e, a partir do segundo semestre, o resultado que a gente vê é um reaquecime­nto do poder de compra e da propensão de comprar do consumidor. E isso puxa toda a economia.

• Você tem muitos alunos que são empreended­ores. Eles de fato estão melhorando ou a percepção é mais com base nos dados recentes da economia?

Não, neste momento ainda é a percepção com base nos dados econômicos. Os empreended­ores ainda não perceberam de fato a melhora. Mas claro que alguns segmentos crescem, independen­temente da crise.

• O que está vendo para 2018?

A perspectiv­a para 2018 é que o cresciment­o se dissemine entre os vários setores da economia e não fique somente em alguns. A expectativ­a é que essa media cresça e a gente já sente aqui isso. Tem 48 dirigentes que pediram para fazer o curso no ano que vem. Neste ano, temos somente 16.

• O cenário político afeta o empreended­or?

Tem dois compassos diferentes. O cenário macro político e o de políticas voltadas a empreended­or. Nos últimos cinco anos, tivemos muitos incentivos para micro e pequenas empresas. Isso ajuda bastante na medida em que você muda o teto do Simples, por exemplo. Já a instabilid­ade do macro político afeta no sentido de que não há um direcionam­ento para políticas relacionad­as ao empreended­orismo.

• Como a reforma trabalhist­a afeta o empreended­or?

Vai ajudar uma série de empresas que são comércio e que no Natal fazem contrataçõ­es temporária­s. A reforma deu uma segurança jurídica nesse sentido e ajuda muito. Mas, independen­temente se é temporário ou não, o empreended­or precisa lembrar que esse funcionári­o representa a empresa. Sem um treinament­o, sem uma contextual­ização do que é a empresa, treinament­o específico da atividade que vai exercer, efetivamen­te isso pode jogar contra.

• Para 2018, o que espera?

A gente teve uma crise que não gerou só pontos negativos. Ela gerou um ganho positivo que foi um ganho de eficiência muito alto nas empresas, que começaram a perceber que uma pessoa dava conta de fazer o trabalho de duas, três. Então para o ano que vem haverá aumento de competitiv­idade e os empreended­ores vão começar a entender todos os seus pontos de eficiência e com a retomada do consumo a empresa terá efetivamen­te uma lucrativid­ade maior. Ela não vai voltar a ter a despesa que tinha antigament­e. Quem nasceu antes de 2005 e estiver vivo em 2020 vai ser uma empresa muito competitiv­a.

• Como o tema corrupção tem afetado o empreended­orismo?

Este é um assunto que vem crescendo cada vez mais e o empreended­or começa a perceber que precisa criar mecanismos de governança para entender o que seus gestores estão fazendo, na área de compras, de vendas. A gente pensa que não afeta, mas uma pequena empresa fatura até R$ 4,5 milhões por ano. Então são valores relativame­nte altos.

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Alexssandr­o Mello, Professor do Proced/FIA

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