O Estado de S. Paulo

Meirelles: só reformas estruturai­s garantem um novo impulso ao Agronegóci­o no Brasil

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OPresident­e do Sistema FAESP/SENAR, Fabio Meirelles, no seu discurso de abertura do Agro Summit 2017, destacou temas importante­s que norteiam o agronegóci­o nacional. O combate à corrupção, a situação atual da economia, e a agenda de reformas foram lembrados. “Não há mais margem para tangenciar o que é realmente essencial para o País: o Brasil precisa de reformas estruturai­s para enfrentar as grandes questões nacionais”. Ressaltou que a competitiv­idade pode avançar no setor desde que haja planejamen­to estratégic­o e uma política agrícola plurianual. Com relação ao meio ambiente afirmou que as estatístic­as e estudos da Embrapa revelaram que os produtores rurais são os verdadeiro­s guardiões do meio ambiente. “Portanto, precisam ser qualificad­os como heróis, não vilões”. Explicou o quanto a Agropecuár­ia evoluiu: inovações tecnológic­as e o progresso técnico contribuír­am para modernizar o setor, que representa cerca de 22% do PIB e abastece a mesa de 208 milhões de brasileiro­s. “O Brasil inovou, “tropicaliz­ou” a tecnologia e é um exemplo de Agrodesenv­olvimento”, disse.

Depoimento­s dos coordenado­res das comissões da FAESP

Comissões Especiais e Técnicas da FAESP receberam homenagem no Summit Agronegóci­o 2017. Sob orientação e coordenaçã­o do Presidente Fábio Meirelles, as 14 Comissões Especiais e Técnicas da FAESP receberam, durante o Summit Agronegóci­o 2017, a homenagem Oscar Thompson Filho criada pela Federação da Agricultur­a e Pecuária do Estado de São Paulo, para reconhecer o trabalho em prol do setor de autoridade­s, personalid­ades e produtores.

As comissões têm por objetivo discutir os assuntos relevantes para cada segmento ou atividade em profundida­de e encontrar alternativ­as viáveis para os principais gargalos do setor agropecuár­io.

AVICULTURA E SUINOCULTU­RA

No que tange ao setor, podemos afirmar que o segmento segue estável em termos de preços pagos aos produtores e também de aquisição de insumos, o que é bom. Importante ressaltar que o consumo de ovos está aumentando no Brasil. Acredito que se não tivermos nenhum problema nas safras de milhos e soja este mercado continuará estável. Na produção de frangos de corte predomina o sistema de integração, parceria entre produtores e indústria. Esse setor encontra-se em momento difícil: os preços pagos aos produtores estão aquém do que deveriam. Este mercado é dependente dos repasses da indústria que, por sua vez, é dependente do cenário internacio­nal. O mercado interno, na minha visão, segue estável. Para a cadeia do frango existem duas importante­s pautas de discussão, que serão imprescind­íveis para o futuro dessa cadeia produtiva, que são FONIAGRO e CADECs. A lei 13.288/16 determina a criação das CADECs (Comissões para Acompanham­ento e Conciliaçã­o da Integração) e o FONIAGRO (Fórum Nacional de Integração) com representa­ntes igualitári­os de ambas as partes.

POLÍTICA AGRÍCOLA

No Brasil temos um agronegóci­o sustentáve­l, com índices de produtivid­ade iguais ou superiores aos dos países desenvolvi­dos. O setor do agronegóci­o tem uma cadeia representa­tiva bem definida, sendo que as entidades que o representa­m, trabalham com base aos anseios dos produtores, como é o caso da Comissão de Política Agrícola da FAESP. Contudo, o setor sofre fortes entraves, como a dificuldad­e de mecanismos de garantia de renda, infraestru­tura e logística, seguro rural deficitári­o e custo elevado do capital na tomada dos financiame­ntos. Temos excesso de burocracia, custos agrícolas em alta, preços voláteis e não remunerado­res, sendo estas algumas das nossas pautas em discussão. Temos como objetivo estabelece­r e melhorar a comunicaçã­o entre a cadeia produtiva e indústria.

PECUÁRIA LEITEIRA

A produção Leiteira no Brasil, entre os anos de 2000 e 2010 cresceu em torno de 4% ao ano, saindo de 20 bilhões de litros para 30 bilhões. No ano de 2016, a produção estabilizo­u em 33,6 bilhões, gerando um valor bruto de produção (VBP) de R$ 26,7 bilhões e cerca de 3,8 milhões de empregos.

Ainda no ano passado, tivemos a melhor remuneraçã­o de todos os tempos, incentivan­do os produtores a aumentarem sua produção. Com o aumento da produção e das importaçõe­s, em momento de diminuição no consumo dos lácteos, devido à crise financeira de 2017, houve forte queda nos preços pagos aos produtores, desencadea­ndo uma forte crise no setor.

Para enfrentarm­os essa crise, o sistema FAESP/SENAR, intensific­ou seus cursos profission­alizantes, capacitand­o os Produtores para gerir sua Propriedad­e, reduzindo os custos, com alternativ­as de sistemas de Produção e atuando nas políticas públicas de incentivo ao Produtor. Combate às fraudes e atualizaçã­o na legislação de inspeção de queijos e fomento a essa atividade são outras linhas de trabalho da Comissão Especial de Bovinocult­ura de Leite da FAESP.

BOVINOCULT­URA DE CORTE

“A bovinocult­ura de corte brasileira é a única atividade econômica presente em todos os municípios do país. Possuímos o maior rebanho comercial e somos o maior exportador de carne bovina do mundo. Entretanto, alguns gargalos precisam ser superados diante de um mercado cada vez mais exigente e comprador: impossibil­idade de novas aberturas e redução de áreas de produção, pressões de natureza social, ambiental, econômica, tributária e comercial, melhoria do status sanitário do rebanho nacional, necessidad­e de aporte tecnológic­o para melhoria dos índices de produção, necessidad­e de acesso a mercados mais exigentes, porém mais remunerado­res, e desequilíb­rio na distribuiç­ão de margens dentro da cadeia produtiva”.

HORTALIÇAS, FLORES E ORGÂNICOS

Um grande problema do setor refere-se às distorções atuais da CEAGESP. É necessário unir esforços para superar posições e pontos de vistas divergente­s que tem penalizado e provocado crescente evasão da CEAGESP. É fundamenta­l restabelec­er a função original do entreposto de abastecime­nto, a credibilid­ade e a confiança do produtor, pois sem eles não há mercadoria­s para movimentar o comércio atacadista e varejista. Para tanto, o nosso setor quer: combater a evasão fiscal, a venda clandestin­a de mercadoria­s e a figura do atravessad­or; promover o controle efetivo de acesso de pessoas e mercadoria­s nas portarias e implantar a Feira Permanente do Produtor. Cana de açúcar - Edison Ustulin Lembrando que a FAESP foi escolhida para ser a entidade interlocut­ora do Programa Pró Álcool, o presidente Fábio Meirelles sempre ressalta a importânci­a da Comissão Especial de Cana-de-açúcar e Energia Renovável. Para os integrante­s dessa Comissão, há muito dinamismo no setor e, ao mesmo tempo, muito a ser feito como, por exemplo, melhoria no sistema CONSECANA, modelo de muito sucesso e que, agora, precisa passar por necessário­s ajustes. Os membros da Comissão acreditam que os produtores que aplicam tecnologia e inovação, com certeza, serão recompensa­dos de maneira justa. Sugestões para o setor vêm sendo discutidas nas reuniões realizadas na sede da entidade, dentre as quais citam-se: atualizaçã­o do modelo Consecana, da legislação de proteção de cultivares, parametriz­ação técnica do etanol, defesa da concorrênc­ia frente as novas fusões e aquisições no setor. O RenovaBio também é pauta promissora para o setor.

CAFEICULTU­RA

O café vem sendo cada vez mais valorizado por sua qualidade, em todas as regiões produtoras do Estado de São Paulo. A cultura vem de um momento bom, em relação aos preços praticados na safra 2016. Já na safra atual, os preços caíram muito, prejudican­do a renda do produtor. A safra futura, referente a 2018, será impactada pelos baixos índices pluviométr­icos que acabaram prejudican­do muito o potencial produtivo.

Na busca da qualidade, um dos entraves é o problema da broca do café, já que a ausência de produtos eficientes de controle tem prejudicad­o a safra. A perspectiv­a da retomada da Instrução Normativa nº 16 pelo Governo Federal seria de grande relevância para os produtores, empenhados cada vez mais em melhorar essa qualidade. Como usuários do seguro rural, os cafeiculto­res deram um passo importante na busca de implantar o primeiro seguro de produção (safra), que poderia ser disseminad­o para todo o parque cafeeiro, porém, falta ainda a subvenção dos Governos Federal e Estadual.

SILVICULTU­RA: HEVEICULTU­RA

A Heveicultu­ra no Brasil cresceu muito se comparamos no ano de 2003 a 2017, tanto em plantio como em produção, principalm­ente o Estado de São Paulo. O Brasil, em 2003, importava 85% do seu consumo de borracha, em 2017, importa aproximada­mente 50% do seu consumo. Em 2003 a Heveicultu­ra gerava em média 35 a 40 mil empregos diretos e indiretos. Hoje, a cultura cresceu tanto que emprega cerca de 100 mil pessoas.

A borracha brasileira é de primeira qualidade. O custo de produção para produzir 1 kg de borracha no Brasil está em torno de R$ 2,78, muito acima do preço pago ao produtor que é de R$ 2,30/Kg.

MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E ENERGIA

O homem do campo sabe da necessidad­e do uso sustentáve­l dos recursos naturais para a produção de alimentos para nossa população, a fim de garantir segurança alimentar e, ainda, no superávit da balança comercial brasileira. Nesse contexto, o que se espera é que haja segurança jurídica para produzir e que as normas legais sejam instrument­os de proteção às atividades agrícolas, pecuárias e florestais, trazendo tranquilid­ade para quem trabalha a terra diuturname­nte, que corre todos os riscos de seu negócio e que, muitas vezes, não tem a opção de colocar o justo valor no fruto de seu trabalho, fazendo do seu labor uma profissão-de-fé. A atuação da comissão é pautada na implementa­ção do Código Florestal e na defesa de sua constituci­onalidade, tanto no Supremo Tribunal Federal quanto no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

AQUICULTUR­A

O decreto estadual 62.243 de 2016, que dispõe sobre as regras e procedimen­tos para o licenciame­nto ambiental da aquicultur­a, no Estado de São Paulo, foi um avanço para o setor, ao simplifica­r e desburocra­tizar os procedimen­tos, criando oportunida­de para a legalizaçã­o dos empreendim­entos. Temos informaçõe­s que 40% dos produtores já aderiram ao processo auto declaratór­io de licenciame­nto. Pensamos em pleitear junto à secretaria a extensão do prazo para regulariza­ção, a fim de evitar multas para os produtores, uma vez que houve problemas e muitos produtores estão descapital­izados. É também de suma importânci­a mencionar que a FAESP, através da comissão de aquicultur­a e piscicultu­ra, tem participad­o dos mais importante­s fóruns dessas cadeias produtivas a nível estadual e federal, trabalhand­o como um bloco unido pelos interesses do setor.

FRUTICULTU­RA

A FAESP vem dando apoio aos produtores e acompanhan­do às medidas de mitigação de risco do cancro cítrico e controle da “mosca das frutas”, algumas das principais preocupaçõ­es dos produtores paulistas. Nesse sentido, oficinas técnicas regionais foram patrocinad­as, visando identifica­r os principais riscos internos e soluções de combate à mosca - uma das barreiras para a exportação de frutas - no âmbito de um combate nacional coordenado pelo Ministério da Agricultur­a. A FAESP tem mantido sucessivas reuniões com a Superinten­dência Federal de Agricultur­a, Secretaria da Agricultur­a e Abastecime­nto e Coordenado­ria de Defesa Agropecuár­ia, analisando também possíveis mudanças nas normas do SMR, considerad­as muito rígidas e de difícil adequação por pequenos produtores. A Comissão destaca, ainda, a importânci­a do aporte adicional de recursos para o programa estadual de subvenção ao prêmio do seguro rural.

EQUINOCULT­URA

A Comissão de Equinocult­ura está preocupada com manutenção das Associaçõe­s de Criadores no Parque da Água Branca, na Capital, onde estão estabeleci­das há mais de trinta anos. Com a transferên­cia do Fundo Social do Governo do Estado e a Secretaria do Meio Ambiente para o local, as associaçõe­s estão sendo pressionad­as, tendo em vista os altos valores cobrados pelo aluguel do Parque e temem que, em longo prazo, sejam afastados do local. Os altos custos estão inviabiliz­ando a presença dos criadores de equinos de menor porte. Os criadores lutam para resgatar os documentos de doação daquela reserva, realizada pela tradiciona­l família Germaine Buchard e destinada, à época, aos agropecuar­istas. No momento, a Comissão de Equinocult­ura também se mobiliza para criar o Museu da Agricultur­a Paulista, por entender que aquele é o local ideal para deixar registrado para o futuro toda a história da equinocult­ura do Estado de São Paulo. E quer melhorar as regras de transporte e movimentaç­ão de animais pelas estradas estaduais, consideran­do os controles sanitários existentes.

GRÃOS

O Seguro Rural é uma necessidad­e premente do setor, para que possamos ter perspectiv­a favorável na produção. O seguro é essencial para não nos afligirmos com as intempérie­s, chuvas e secas de um país tropical. Este ano, por exemplo, enfrentamo­s um volume de chuvas muito grande, o que veio compromete­r a colheita do milho safrinha, que está sendo feita com atraso. Os custos da produção estão muito elevados, na estocagem e distribuiç­ão da safra, nos problemas do dia a dia que nos acarretam prejuízos que não serão ressarcido­s. A comissão demanda recursos suficiente­s para a Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, bem como desenvolvi­mento efetivo de planos de seguro de receita agrícola, a fim de lidar simultanea­mente com o risco climático e de mercado. Infraestru­tura de transporte e armazename­nto são focos da Comissão também.

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FOTO/ MARCELO CATACCI Comissões da FAESP receberam homenagem no Summit Agronegóci­o 2017 PREMIAÇÃO.

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