O Estado de S. Paulo

Alckmin sinaliza relação cordial com o Planalto.

Aliados afirmam que governador paulista vai evitar críticas ao falar da gestão Temer durante a convenção tucana

- Pedro Venceslau Adriana Ferraz

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deve adotar um tom moderado em relação ao governo Michel Temer na convenção do PSDB que deve aclamá-lo como presidente nacional da sigla, no próximo dia 9, em Brasília.

Segundo aliados e auxiliares do tucano, que é pré-candidato à Presidênci­a da República, a expectativ­a é de que ele defenda a reforma da Previdênci­a e tente evitar hostilidad­es contra o peemedebis­ta no evento e nos encontros posteriore­s que definirão as diretrizes da nova Executiva.

Pelo roteiro programado, dois dos três ministros do PSDB – Luislinda Valois, titular dos Direitos Humanos, e Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo – devem deixar o cargo antes da convenção, o que esvaziaria o debate em torno do desembarqu­e tucano do governo. Apenas o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, deve ficar no cargo pelo menos até abril do ano que vem, quando pode sair para disputar a reeleição no Senado.

Alckmin e Temer estarão juntos hoje em São Paulo. Os dois vão se encontrar no aeroporto de Viracopos, em Campinas, onde o presidente vai pousar. De lá, a previsão é que sigam juntos de helicópter­o para duas cidades, Limeira e Americana, onde vão inaugurar obras do programa Minha Casa Minha Vida e também do Casa Paulista.

A ideia original era de que as novas moradias fossem anunciadas apenas pelo governador e seu secretário estadual da Habitação, Rodrigo Garcia (DEM). Isso estaria definido até a última terça-feira de noite, quando interlocut­ores do Planalto entraram em contato com o governo de São Paulo para comunicar que Temer também participar­ia das agendas. A iniciativa partiu do ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco, na segunda-feira passada, mesmo dia em que Alckmin aceitou ser escolhido para presidir o PSDB.

A última vez que Temer participou de evento para entregar unidades do Minha Casa Minha Vida em São Paulo foi em março, quando esteve em São José do Rio Preto. De lá pra cá, as inauguraçõ­es se deram com a presença de representa­ntes da Caixa Econômica Federal ou do Ministério das Cidades.

“Não tem cabimento ser hostil ao governo. Não há possibilid­ade de hostilidad­e na convenção”, disse ao Estado o ex-governador Alberto Goldman, presidente interino do PSDB. Ele não descarta a possibilid­ade de tucanos e peemedebis­tas estarem juntos no mesmo palanque nacional em 2018. “Por que não? Pode ser. Nada é impossível”, afirmou. “O desembarqu­e do governo não será pauta da convenção”, reforçou o deputado federal Silvio Torres (SP). Aliado de Alckmin, ele é secretário-geral do PSDB.

Negociação. Segundo a Coluna do Estadão, o PMDB colocou na mesa algumas condições para apoiar a candidatur­a de Alckmin em 2018: a adesão do seu partido às reformas da Previdênci­a e tributária e o compromiss­o em defender o “legado” de Temer durante a campanha.

Ontem, em entrevista à Rádio Capital, Alckmin afirmou que a reforma da Previdênci­a terá o apoio de seu partido. Sem dizer quantos dos 43 deputados tucanos votarão a favor, o governador passou a defender com mais ênfase o projeto. O gesto agradou aos peemedebis­tas.

O tucano, no entanto, avalia que a proposta não será facilmente aprovada pelo Congresso, já que, por ser emenda à Constituiç­ão, precisa de 308 votos. “Mas a proposta terá o apoio do PSDB. Nós vamos apoiá-la.”

“Não tem cabimento ser hostil ao governo. Não há possibilid­ade de hostilidad­e na convenção.” Alberto Goldman PRESIDENTE INTERINO DO PSDB

 ??  ??
 ?? DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 27/11/2017 ?? Moderação. Alckmin disse a aliados que não fará ‘hostilidad­es’ ao governo na convenção do PSDB, marcada para o dia 9
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO - 27/11/2017 Moderação. Alckmin disse a aliados que não fará ‘hostilidad­es’ ao governo na convenção do PSDB, marcada para o dia 9

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil