O Estado de S. Paulo

Rede pressiona Marina a anunciar pré-candidatur­a

Dirigentes estaduais do partido formalizam hoje, em Brasília, pedido para que ex-ministra concorra à Presidênci­a em 2018

- Valmar Hupsel Filho /COLABOROU IGOR GADELHA

Diante da movimentaç­ão antecipada dos prováveis concorrent­es, a Rede pressiona para que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva anuncie o mais breve possível sua pretensão de disputar a Presidênci­a em 2018. Ainda que tenha afirmado, em mais de uma ocasião, que só vai declarar “depois do carnaval” de que forma participar­á das eleições, Marina deve assumir publicamen­te hoje que é pré-candidata ao Planalto.

Na reunião chamada Elo Nacional da Rede, que acontece hoje em Brasília, representa­ntes do partido nos Estados vão entregar a Marina os resultados das conferênci­as estaduais que foram realizadas nos últimos dois finais de semana. A principal conclusão desses encontros é a indicação dos “contatos” (equivalent­e a diretórios) estaduais para que a ex-ministra se coloque, e logo, como candidata à Presidênci­a em 2018 – cargo que concorreu em 2010 e 2014, quando obteve cerca de 19 milhões e 22 milhões de votos, respectiva­mente. Marina ficou em terceiro lugar nas duas ocasiões.

O evento ocorre em meio às movimentaç­ões de alguns deputados da Rede para deixar a legenda, que pode acabar perdendo metade de sua atual bancada na Câmara de quatro deputados. A opção Marina, no entanto, conta com amplo apoio do partido. Todos os Estados em que tiveram executivas estaduais indicaram que apoiam a candidatur­a da ex-ministra – a quantidade de diretórios sem executivas é “residual”, segundo um dos dirigentes.

A dinâmica do evento visa, externamen­te, dar força ao anúncio da pré-candidatur­a ao mesmo tempo em que sinaliza internamen­te que, caso se decida por concorrer, Marina estaria fundamenta­da no amplo apoio de seus correligio­nários. Com isso, a ex-ministra tenta dirimir a principal crítica interna da qual é alvo: a de que é centraliza­dora das decisões da legenda.

“Será uma forma de mostrar que ela não é candidata dela mesma”, resume o deputado federal Miro Teixeira – decano da Câmara com 11 mandatos –, que pretende se candidatar ao governo do Rio de Janeiro no ano que vem. “Toda a organizaçã­o da Rede é pela candidatur­a de Marina. Temos bastante rigor em relação aos prazos, mas o evento é para dizer ‘temos candidata’. Ou melhor, candidata a candidata”, completa.

Alianças. O senador Randolfe Rodrigues (AP) disse ontem que a ex-ministra vai “ouvir a todos e vai se manifestar” no evento. “Nós acreditamo­s que ela vá aceitar a indicação dos encontros estaduais”, afirmou. Segundo o senador, a partir do anúncio da pré-candidatur­a será formado um grupo de trabalho no partido para iniciar as discussões para a formação de alianças.

Por enquanto, diz Randolfe, as conversas neste momento estão sendo feitas com pessoas e movimentos da sociedade civil, como o Brasil 21 e o Brasil Agora. Uma eventual discussão para a formação de alianças partidária­s deve ficar para o ano que vem. As conversas mais promissora­s, segundo o senador, são com os partidos PSB, PPS e PV – ainda que o discurso dos dirigentes das duas primeiras siglas seja de que terão candidatur­a própria.

“Toda a organizaçã­o da Rede é pela candidatur­a de Marina. Temos rigor em relação aos prazos, mas o evento é para dizer ‘temos candidata’. Ou melhor, candidata a candidata.” Miro Teixeira (Rede-RJ)

DEPUTADO FEDERAL

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 27/11/ 2017 Histórico. Marina ficou em 3.º lugar nas eleições à Presidênci­a em 2010 e 2014

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