O Estado de S. Paulo

Ex-prefeito de Belém é preso por suspeita de desviar R$ 400 mi

Segundo investigaç­ão, e-mails de Duciomar Costa mostram que ele controlava esquema de fraude em licitações

- Luiz Vassallo

E-mails intercepta­dos pela força-tarefa da Operação Forte do Castelo, deflagrada ontem, revelam que o ex-prefeito de Belém Duciomar Costa (PTB), o Dudu, orientou uma assessora a constituir uma empresa que, mesmo sem prática nenhuma na construção civil, ganhou licitações de obras milionária­s durante sua gestão (2005-2012) na capital paraense. Dudu foi preso pela Polícia Federal.

A troca de correspond­ências, na avaliação dos investigad­ores, reforça a suspeita de que Dudu, que também foi senador pelo Pará, detinha o controle efetivo da organizaçã­o criminosa que teria desviado R$ 400 milhões dos cofres públicos, inclusive recursos do Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC). Em sua casa, a PF apreendeu R$ 210 mil em espécie - em cédulas de real, dólar e euro, dentro de uma mala.

Forte do Castelo é uma ação integrada da PF, Procurador­ia da República e Controlado­ria-Geral da União. Além de Dudu foram presos outros três investigad­os, todos em regime temporário, por cinco dias. Também foram cumpridos 14 mandados de buscas e 4 de condução coercitiva em Belém, Brasília e em São Paulo.

Dudu e seus aliados deverão ser indiciados por fraudes em licitações, crimes de apropriaçã­o de recursos públicos, corrupção e associação criminosa.

A PF informou que o nome da operação faz referência à construção levantada sobre a Baía do Guajará em 1616, ano da fundação da cidade de Belém, para conter ataques de saqueadore­s que rondavam a região.

Obras. Com autorizaçã­o judicial, e-mails do ex-prefeito foram acessados. A investigaç­ão mostra que após a orientação de Dudu, sua então assessora, de fato, constituiu uma empresa que passou a ganhar licitações importante­s e foi contratada para obras milionária­s.

O prejuízo já identifica­do pela Operação Forte do Castelo inclui, além de recursos federais do PAC, convênios celebrados com o Ministério do Esporte e repasses do Banco Nacional do Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo Nacional de Saúde (FNS).

Os desvios na gestão Dudu teriam ocorrido por meio de fraudes a licitações e contratos com empresas da construção civil firmados com as áreas da Habitação e Urbanismo e Comunicaçã­o no período em que ele administro­u Belém. Os investigad­ores constatara­m, ainda, subcontrat­ações.

Provas. Ainda de acordo com a Polícia Federal, no curso das investigaç­ões “foi obtido conjunto probatório suficiente que apontou, além de irregulari­dades na contrataçã­o das empresas, indícios de enriquecim­ento ilícito de vários membros da organizaçã­o”.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa do ex-prefeito de Belém até a conclusão desta edição.

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