O Estado de S. Paulo

Protesto contra fraude mata 1 em Honduras

Violência começou após órgão eleitoral anunciar que presidente Hernández lidera apuração

- TEGUCIGALP­A /

Manifestaç­ões contra supostas fraudes na eleição presidenci­al de Honduras deixaram ontem 1 morto e 20 feridos. A insatisfaç­ão é contra o presidente Juan Orlando Hernández, do Partido Nacional (PN), que na segunda-feira aparecia atrás do candidato opositor Salvador Nasralla na contagem oficial dos votos.

No dia seguinte, autoridade­s eleitorais deixaram de divulgar os resultados da apuração e, quando os boletins voltaram a ser informados, Hernández havia assumido a liderança.

Ontem, com 95% das urnas contabiliz­adas, Hernández, candidato conservado­r, tinha 43% e o esquerdist­a Nasralla, 41,5% – uma diferença de 46 mil votos. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), David Matamoros, disse que ainda faltava contar 1.031 atas eleitorais – embora ninguém saiba quantos votos existam em cada uma delas. “Não faremos mais nenhum anúncio até que a apuração tenha acabado”, disse Matamoros, que lamentou a violência.

Os dois candidatos se consideram vencedores e ninguém está disposto a admitir a derrota. O nome da coalizão de Nasralla é Aliança de Oposição contra a Ditadura. Assim que foi divulgada a virada na contagem oficial, ele pediu a seus partidário­s que fossem para as ruas protestar.

Seu grupo político reclama de três seções eleitorais que aparecem na apuração com um comparecim­ento extremamen­te elevado de eleitores. Nasralla exige uma recontagem, mas o TSE ainda não se pronunciou.

O governo pediu calma à população, mas a polícia reprimiu com violência as manifestaç­ões. Médicos de hospitais de Tegucigalp­a disseram ter tratado de várias pessoas com ferimentos de bala. Na capital e em San Pedro Sula há registro de saques.

Fraude. Na semana passada, uma gravação obtida pela revista britânica The Economist sugeria que o partido do presidente teria realizado uma reunião para ensinar técnicas de como fraudar a eleição. O áudio de duas horas foi enviado por um membro do PN, de Hernández.

Na gravação, uma mulher sugere convencer os mesários a deixar os eleitores do PN votar mais de uma vez. “Se você me reconhecer, me deixe entrar, não pinte o meu dedo e eu sairei com minha boca fechada”, disse a coordenado­ra da reunião – em Honduras, cada eleitor tem o dedo manchado com tinta não removível que evita que uma pessoa vote novamente.

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JORDAN PERDOMO/AFP Violência. Carro incendiado por opositores em Tegucigalp­a

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