O ANTÍDOTO DE JONG-NAM
O irmão do ditador norte-coreano poderia ter evitado seu envenenamento
Kim Jong-nam, o meio-irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, poderia ter se salvado do envenenamento que o matou em 13 de fevereiro, no aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia. Dentro de sua mochila, Jong-nam carregava um frasco com 12 comprimidos de atropina, um eficaz antídoto contra vários tipos de venenos – de inseticidas ao VX, um dos agentes neurotóxico mais letais do mundo, banido pelo tratado de armas químicas e pela ONU, em 1993, considerado uma arma de destruição em massa. O VX, em forma líquida, foi usado contra Kim Jong-nam.
A revelação foi feita pela toxicologista K. Sharmilah, que investigou todas as substâncias encontradas com Kim e as usadas nele no dia do assassinato. “Verificamos os pertences e encontramos 12 cápsulas de atropina, que seria o antídoto que poderia ter salvado Kim”, disse ela, durante o julgamento. “Infelizmente, nenhuma das pessoas que tentou ajudar Kim poderia saber, pois o frasco estava com as inscrições em coreano.”
O VX é um veneno de fabricação sintética. Basta 0,01 grama de VX, menos de uma gota, em contato com a pele para matar uma pessoa. A atropina é o único antídoto para o VX e tem de ser ministrada nos primeiros minutos após o contato.
Kim Jong-nam carregava a antropina porque temia por sua vida. Fontes da agência de inteligência sul-coreana falaram ao jornal britânico Financial Times que Kim sofreu ao menos quatro tentativas de assassinato, e até escreveu uma carta para o irmão, Kim Jong-un, pedindo que poupasse sua vida. “Nas semanas que antecederam sua morte, Jong-Nam sabia que poderia ser envenenado e conhecia os possíveis métodos que seriam usados contra ele”, afirmou ao Financial Times Lee Byung-ho, diretor aposentado do serviço nacional de inteligência da Coreia do Sul. Ele também sugeriu que Jong-nam tinha informações que vinham da Coreia do Norte.
Pyongyang negou envolvimento no assassinato, mas os promotores malaios suspeitam do envolvimento de pelo menos quatro nortecoreanos que fugiram da Malásia logo após o assassinato.