O Estado de S. Paulo

Mairiporã detecta febre amarela em 22 macacos.

Mais 50 animais achados mortos no local estão em análise; cidade reforça vacinação

- Paula Felix

A prefeitura de Mairiporã, na Grande São Paulo, informou que 22 macacos achados mortos no município estavam infectados com o vírus da febre amarela. Entre agosto e novembro, houve o registro de 90 mortes de primatas e 50 casos ainda estão em análise no Instituto Adolfo Lutz.

O município não tem registros de casos suspeitos em humanos, segundo a gestão municipal. Dos 90 macacos, 7 não puderam ser analisados porque estavam em avançado estado de decomposiç­ão e 9 tiveram resultados negativos.

A prefeitura disse que os registros do ano de 2017 tiveram início em agosto, quando também começou a campanha de imunização. Até o momento, 70 mil pessoas foram vacinadas – 75% da população.

Na capital, onde um macaco foi encontrado morto no Horto Florestal, na zona norte, em outubro, há quatro casos confirmado­s de infecção em macacos. O Horto Florestal e o Parque Estadual da Cantareira, além de 13 parques municipais, estão fechados. Na zona leste, o Parque Ecológico do Tietê também teve visitação suspensa.

A médica Adriana Homem, de 50 anos, mora em um condomínio perto da Serra da Cantareira. Ela conta ter encontrado dois macacos da espécie bugio, um morto e outro doente, em seu quintal anteontem. “Desde domingo, foram 13 macacos mortos só no (Condomínio) Sausalito. Isso não existia. A gente nunca tinha presenciad­o mortes ou visto macacos mortos. É um descaso”, reclama.

Adriana diz ainda ter tentado socorrer um dos animais, que não resistiu. “O que sangrava ainda estava vivo. Meu filho foi fazendo massagem cardíaca no macaco, tentamos salvar.” Ela afirma que tem ocorrido demora para o recolhimen­to dos animais e, como o procedimen­to demorou a ser feito, enterrou os animais no quintal.

O receio de Adriana era a demora da chegada dos funcionári­os da Defesa Civil. “Fiquei com dois macacos mortos e não adiantaria só cobrir. Tenho cachorros e eles iriam fuçar e mexer. Enterrei para segurança minha, dos meus filhos, meus animais e dos outros macacos. Eles estavam com o fígado saltado e a mucosa oral toda amarelada.”

Também morador do condomínio, o economista e corretor de seguros Plínio Spina Junior, de 56 anos, diz que costumava ver macacos no entorno de casa, mas eles deixaram de aparecer. “Acho que, infelizmen­te, eles estão morrendo. Era uma alegria grande estarem no dia a dia da gente.”

Poder público. Secretária municipal da Saúde de Mairiporã, Grazielle Bertolini diz que os macacos começaram a aparecer mortos no município em agosto, quando começaram as ações de imunização. “Fizemos a vacinação na população do entorno da região onde foram encontrado­s os macacos doentes, medidas de bloqueio, como visita casa a casa para a remoção de criadouros e nebulizaçã­o química das áreas residencia­is. Temos boa cobertura vacinal e continuamo­s com as ações de vacinação.” Um material educativo com orientaçõe­s, diz ela, sobre como proceder em casos de se deparar com um macaco morto ou doente, será lançado. Agentes da Defesa Civil também orientam a população.

Ela diz que o número de macacos achados mortos e infectados pelo vírus é preocupant­e. “Preocupa porque significa que há a proliferaç­ão do vírus. Atibaia tem 16 macacos confirmado­s, mas sabemos que Mairiporã tem a maior concentraç­ão de Mata Atlântica da região. Mesmo assim, não temos nenhum caso suspeito em humanos.”

Grazielle explica que a Defesa Civil funciona 24 horas e não se nega a recolher nenhum animal encontrado pela população. “Mas muitos macacos morrem sem que a gente tenha tempo hábil para fazer o recolhimen­to. Até chegar à localizaçã­o, a própria população já tomou a decisão de fazer o sepultamen­to e, quando está em estado de decomposiç­ão avançada, não é possível fazer a análise.”

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que, entre julho de 2016 e novembro deste ano, foram registrado­s 1.734 casos de mortes ou adoeciment­o de macacos, dos quais 399 tiveram confirmaçã­o para a doença – 82% na região de Campinas, no interior paulista.

Em 2017, foram 23 casos autóctones da doença em humanos e dez pessoas morreram. Na capital, não há registro de casos autóctones em humanos. Foram encontrado­s 69 macacos mortos desde outubro e há quatro casos confirmado­s, segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

 ??  ??
 ?? AMANDA PEROBELLI/ESTADAO ?? Mairiporã. Adriana conta ter encontrado anteontem dois macacos da espécie bugio, um morto e outro doente, em seu quintal
AMANDA PEROBELLI/ESTADAO Mairiporã. Adriana conta ter encontrado anteontem dois macacos da espécie bugio, um morto e outro doente, em seu quintal
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil