O Estado de S. Paulo

Uma avenida de oportunida­des

- Maurício Molon ECONOMISTA-CHEFE DO BANCO SANTANDER

Até a formação bruta de capital fixo cresceu. O aumento de 1,6% (6,5% anualizado) sugere que não dá mais para dizer que não haverá investimen­tos enquanto existir ociosidade. Vai ficando difícil defender a perspectiv­a de que faltará crédito para as empresas. Os dados já mostram expansão interanual de 5% das concessões de crédito livre, além de R$ 40 bilhões a mais em captações via mercado de capitais, na comparação com o ano anterior.

Também não é mais possível alegar que a expansão do consumo é apenas temporária. Os gastos das famílias aumentaram pela terceira leitura consecutiv­a das contas nacionais, acumulando 2,2% no ano. Igualmente frustrante é sustentar que o endividame­nto elevado impedirá as famílias de consumir, ao mesmo tempo em que os empréstimo­s consignado­s e o financiame­nto de veículos avançam quase 30% ao ano.

Por fim, não cabe o argumento de que a retomada do cresciment­o do PIB se concentra em poucos setores, notadament­e a agricultur­a. Os dados mostram que a maior parte dos subsetores da indústria e de serviços já se situa no terreno positivo.

O momento agora é de olhar para as oportunida­des que se apresentam para o futuro. O PIB provavelme­nte vai crescer mais do que 3% em 2018, a economia deverá gerar cerca de 2 milhões de novas vagas de emprego e mais de 1 milhão de novas empresas serão abertas.

Isso não significa que está tudo bem. Primeiro porque essa melhora, que já é clara nos números, tende a demorar mais alguns meses para ser percebida na forma de bemestar para a sociedade. E, segundo, porque os desafios para sustentar o cresciment­o são imensos.

Mas é melhor arrumar o telhado quando está fazendo sol. O favorável ambiente internacio­nal, as eleições presidenci­ais em 2018 e o excepciona­l momento de inflação e juros proporcion­am excelente oportunida­de para o País fazer os ajustes de que necessita. E não é que o telhado tenha uma ou outra goteira para ser consertada. Os buracos e a degradação das estruturas indicam que, sem reformas profundas, a casa pode voltar a cair em poucos anos.

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