O Estado de S. Paulo

Vida do pintor holandês inspirou grandes longas

Desde o deslumbran­te ‘Sede de Viver’, com Kirk Douglas, até o detalhado retrato montado por Maurice Pialat

- Luiz Zanin Oricchio

À parte sua genialidad­e e importânci­a para a pintura moderna, Vincent Van Gogh é uma espécie de figura ideal para o cinema. Encarna, como poucos, o ideal do artista trágico, aquele que concentra em poucos anos a essência da sua arte, mantém um comportame­nto pouco alinhado à normalidad­e e põe ponto final à sua biografia com um desfecho trágico.

Grandes atores o encarnaram. Kirk Douglas, em Sede de Viver, de Vincente Minelli (1956), Tim Roth em Vincent e Theo, de Robert Altman (1990) e Jacques Dutronc, em Van Gogh, de Maurice Pialat (1991), para ficar em três exemplos.

São belos filmes. Os três possuem qualidades e mostram o artista em sua luta íntima pela expressão e também por sua sanidade mental. Optar por um ou outro é questão de preferênci­a pessoal. Há, no entanto, há um diferencia­l na versão de Maurice Pialat. Nela, vemos um Van Gogh lacônico e minimalist­a, surpreende­ntemente discreto em contraste com o turbilhão interno que marcou sua obra e determinou seu destino.

Há também um detalhe interessan­te nesse filme. Dutronc é um cantor e compositor conhecido, casado com Françoise Hardy. Já havia feito filmes, mas a sua faceta mais conhecida era musical. No desafio proposto por Pialat, assumiu essa discreta intensidad­e do genial pintor holandês em seus 67 últimos dias de vida na campanha francesa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil