MP do Rio pede transferência de Sérgio Cabral
O Ministério Público Estadual do Rio (MPE-RJ) requereu ontem a transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste. O Ministério Público também pediu a suspensão do exercício da função pública do diretor da cadeia de Benfica, Fábio Ferraz Sodré, e do subdiretor, Nilton Cesar Vieira. Outros dois funcionários foram denunciados.
O pedido de transferência de Cabral foi feito em denúncia pelos crimes de falsidade material, falsidade ideológica e coação no curso de processo contra o peemedebista e quatro servidores. Segundo o MPE-RJ, a instalação de uma cinemateca na prisão de Benfica constituiu uma “doação” fraudulenta feita a pedido do ex-governador.
De acordo com o MPE-RJ, Cabral teria persuadido dois integrantes da Igreja Batista do Méier a assinar um termo de doação falso do material. As investigações mostraram que o termo de doação foi confeccionado na unidade. Teria sido feito em um computador da Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP). O crime, afirmaram na denúncia, se deu “a mando do preso Sérgio Cabral, tendo este sido o mentor da confecção do termo de doação falso”.
Para o MPRJ, está “evidenciado” que a direção da cadeia de Benfica usou um preso “faxina” para levar o documento aos missionários. A direção teria atuado em conluio com Cabral, “a fim de fazer crer para a mídia e para a sociedade fluminense que teria havido uma doação por entidade religiosa, sendo a doação falsa, uma simulação”.
Por nota, o advogado de Cabral, Rodrigo Roca, disse que a denúncia é inconsistente e o não tem base legal. O Estado não conseguiu contato com as defesas de Sodré e Vieira até a conclusão desta edição.
Depoimento. Cabral admitiu ontem que pediu ajuda financeira pessoal a Flávio Werneck, dono da FW Engenharia, ao depor para o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio. A empresa é apontada pelo Ministério Público Federal (MPF) de dar aparência lícita ao pagamento de R$ 1,7 milhão em propina ao esquema do ex-governador.