Desperdícios
Deu na Coluna do Estadão: a deputada Priscila Krause (DEMPE) pediu ao Tribunal de Contas de Pernambuco investigação sobre a compra pelo Estado de 700 motocicletas por R$ 20,7 milhões. A deputada justificou o pedido dizendo que o custo unitário das motos ficou em R$ 25,98 mil, valor R$ 8,48 mil superior ao desembolsado em São Paulo para a compra do mesmo tipo de equipamento. Numa conta simples, multiplicando R$ 8,48 mil por 700, teremos R$ 5,9 milhões – valor que, aparentemente, estaria sendo desembolsado a mais que o devido, com a agravante de que Pernambuco está enfrentando dificuldades orçamentárias para tocar a administração. Nada obstante, Isaltino Nascimento (PSB), líder do governo na Assembleia Legislativa, acusa (!) a deputada de “buscar holofotes”. Neste país, ainda imerso na maior crise econômica de sua História, com a União, os Estados e os municípios literalmente de pires na mão – vide o “socorro” de R$ 600 milhões pedido à União (e negado) pelo governo do Rio Grande do Norte –, quem ousa fiscalizar os atos do Executivo e chamar a atenção para eventuais abusos, ao invés de ser elogiado, é acusado de “buscar holofotes”... Como se vê, racionalidade política, financeira, orçamentária e administrativa não é, definitivamente, o forte neste país – o que é confirmado, na mesma edição do Estado, pelo artigo Uma crise anunciada (26/12, A2), da lavra de José Antonio Segatto, a respeito da crise financeira que vi-
vem as três universidades públicas paulistas: USP, Unesp e Unicamp. O princípio da irresponsabilidade, aparentemente o mais “observado”, é o mesmo. Só muda o local.
SILVIO NATAL
silvionatal49@gmail.com São Paulo