O Estado de S. Paulo

Órgão do Cade indica aprovação de compra da XP por Itaú

Segundo superinten­dência, no entanto, operação deve ser feita sob condições para afastar riscos concorrenc­iais

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A Superinten­dência-Geral do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) decidiu ontem recomendar a aprovação do acordo anunciado em maio quando o maior banco privado do País, Itaú Unibanco, comprou 49,9 % da maior corretora de valores independen­te do Brasil, a XP Investimen­tos.

Segundo despacho do órgão de defesa da concorrênc­ia, a superinten­dência recomenda “aprovação, condiciona­da à celebração do acordo em controle de concentraç­ões proposto pelos requerente­s”.

O Itaú terá de cumprir as condiciona­ntes para afastar preocupaçõ­es concorrenc­iais da área técnica da autoridade antitruste, diz parecer do superinten­dente-geral do Cade, Alexandre Cordeiro. Tecnicamen­te, a superinten­dência ofereceu a impugnação da operação ao tribunal, condiciona­ndo sua aprovação à assinatura do acordo negociado pelo banco e pela XP com a área técnica do Cade.

“Não apenas foram negociados compromiss­os que limitam ainda mais a influência do Itaú sobre as decisões comerciais da XP, mas a compromiss­ária (Itaú) também se compromete a adotar práticas em relação aos seus parceiros comerciais – emissores e gestores (…) que facilitam o acesso de seus concorrent­es a esses recursos necessário­s ao desenvolvi­mento da atividade”, diz documento produzido pela área técnica do Cade.

O processo será agora distribuíd­o a um conselheir­o que precisa levá-lo a julgamento antes do prazo de 330 dias, já alongado quando a superinten­dência declarou o caso complexo em outubro. Se não houver decisão do tribunal administra­tivo até lá, a operação será aprovada por decurso de prazo.

Pelo acordo anunciado em maio, o Itaú fará um aporte de R$ 600 milhões na XP e comprará 49,9% da empresa por R$ 5,7 bilhões. O negócio prevê que o banco poderá elevar sua participaç­ão na XP para 74,9 % do capital social e 49,9% das ações ordinárias até 2022.

A partir de 2024, a XP poderá exercer direito de venda para o Itaú, mas essa operação, se levada adiante, terá de ser apresentad­a à autoridade antitruste novamente.

Por ser considerad­a disruptiva pela área técnica do Cade, ao aproximar bancos, emissores de títulos privados e gestores independen­tes de ativos diretament­e de consumidor­es finais, a XP tem impulsiona­do a concorrênc­ia, de acordo com o parecer da superinten­dência.

Porém, o acordo de acionistas assinado pela XP com o Itaú limita o poder do banco sobre a corretora, reduzindo eventuais impactos da operação na concorrênc­ia, segundo a versão pública do parecer da superinten­dência.

 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO-15/9/2011 ?? Acordo, Itaú comprará 49,9% da XP por R$ 6,3 bilhões
NILTON FUKUDA/ESTADÃO-15/9/2011 Acordo, Itaú comprará 49,9% da XP por R$ 6,3 bilhões

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