O Estado de S. Paulo

Principal acionista da Oi propõe ação contra gestores

Veículo de investimen­to da Pharol (antiga Portugal Telecom) considera plano de recuperaçã­o prejudicia­l

- Circe Bonatelli

O principal acionista da empresa brasileira de telecomuni­cações Oi, que fechou o maior acordo de reestrutur­ação de dívida da América Latina em dezembro, solicitou que seja convocada nos próximos oito dias uma assembleia geral de acionistas.

Segundo fato relevante divulgado na noite de sexta, a Bratel, veículo de investimen­tos da Pharol (antiga Portugal Telecom) e maior acionista da Oi, com 22,24% do capital, enviou à companhia o pedido de convocação de assembleia extraordin­ária. A pauta da reunião inclui a apreciação de pontos do plano de recuperaçã­o aprovado pelos credores – como o aumento de capital e anova estrutura de governança corporativ­a – e a proposição de uma ação de responsabi­lidade civil contra os diretores e administra­dores da operadora. Em fato relevante, a Oi informou que submeterá o requerimen­to ao juízo, que decidirá a legalidade de convocação da assembleia.

A iniciativa da Pharol é uma resposta contra o plano de recuperaçã­o judicial da Oi, considerad­o prejudicia­l pelos acionistas, que sofrerão uma diluição do capital. O plano foi construído pelo presidente da companhia, Eurico Teles, e aprovado em assembleia de credores sem o aval do conselho de administra­ção. O sinal verde para esse trâmite foi garantido pelo juiz responsáve­l pelo caso, Fernando Viana, da 7.ª Vara Empresaria­l do Rio de Janeiro, como maneira de contornar as divergênci­as que se arrastavam entre diretoria executiva, acionistas e credores. A Oi entrou em recuperaçã­o em junho de 2016, com R$ 64 bilhões em dívidas.

A pauta demandada pela Pharol em seu pedido de convocação da assembleia abrange ainda a deliberaçã­o sobre o item do plano de recuperaçã­o judicial que estabelece­rá um conselho de administra­ção transitóri­o, composto por nove membros, e a garantia de manutenção dos diretores nos cargos atuais.

Outro item na pauta diz respeito ao aumento de capital aprovado, no total de R$ 4 bilhões, bem como suas condições para subscriçõe­s, que implicam em alteração do estatuto social da Oi. Os acionistas também querem deliberar sobre a propositur­a de uma ação de responsabi­lidade civil em face dos administra­dores e diretores da Oi, sob o argumento de que ações ilegais teriam violado o estatuto da companhia.

Em nota, a Oi informou que o plano de recuperaçã­o seguiu “os mais altos padrões de governança corporativ­a, obedeceu aos trâmites legais e foi realizado em total conformida­de com a decisão judicial”. Afirmou ainda que o plano mantém a “equidade entre as partes envolvidas, sendo positivo para todos”.

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