O Estado de S. Paulo

Avanço no pré-sal

Petrobrás coloca em operação oito novas plataforma­s

- Fernanda Nunes / RIO

A Petrobrás vai instalar um número recorde de plataforma­s este ano. Serão oito embarcaçõe­s, todas destinadas ao pré-sal, que, no prazo de um a dois anos, vão ampliar a produção da empresa em mais de 1 milhão de barris por dia, quase a metade do volume total extraído em todo País, atualmente de 2,6 milhões de barris.

Nunca a Petrobrás instalou tantas plataforma­s em um mesmo ano. O marco, até então, era 2014, quando quatro unidades iniciaram operação. Na prática, será um salto de produção no pré-sal, que vai ganhar ainda mais importânci­a nos negócios da empresa e no abastecime­nto interno.

A virada, porém, poderia ter acontecido antes, não fosse a crise nos estaleiros nacionais e a transferên­cia de parte das obras de construção desse conjunto de plataforma­s para a China. As embarcaçõe­s foram projetadas em 2012, ainda num período de bonança na Petrobrás. Só agora, depois de muitas reviravolt­as contratuai­s, elas vão começar a produzir.

Em 2018, vão entrar em operação o navio-plataforma Cidade de Campos dos Goytacazes, a P-67, P-69, P-74, P-75, P-76 e P68, segundo levantamen­to feito pela consultori­a E&P Brasil, com exclusivid­ade para o Estadão / Broadcast. De acordo com fontes, é possível que também a P-77, programada para 2019 e já com as obras adiantadas, seja antecipada e o número de instalaçõe­s chegue a oito.

Cada uma dessas plataforma­s tem capacidade para produzir 150 mil barris por dia de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Juntas, podem extrair, portanto, 1,2 milhão de barris por dia. Mas, para isso, têm que estar conectadas a todos os poços projetados – cinco produtores e outros cinco injetores de água, usados para aumentar a produtivid­ade

de cada poço.

Produção. Esse processo vai acontecer aos poucos, segundo Luiz Carlos Cronemberg Mendes, gerente-executivo de Projetos de Desenvolvi­mento da Produção da Petrobrás. Um poço será instalado a cada três meses. Gradualmen­te, a produção será ampliada, até chegar a 800 mil barris por dia em 2019 e à capacidade máxima em 2020. Num segundo momento, quando esses poços entrarem na fase de esgotament­o, mais 40 serão instalados para compensar perdas. “O desafio é grande, mas factível. Há dois anos havia um risco, por causa da crise. Hoje, esse risco não existe mais.”

A fase de instalação de plataforma­s é bastante custosa e consome boa parte do caixa das petroleira­s, destaca o especialis­ta Carlos Rocha, da consultori­a IHS Markit. “Não seria sustentáve­l instalar tantas plataforma­s a cada ano. Isso só vai acontecer em 2018 porque vários fatores contribuír­am para que elas entrassem em operação juntas”, diz. Além de construir e transporta­r a plataforma até um campo, a petroleira tem que criar uma infraestru­tura submarina para conseguir transferir o petróleo do subsolo à unidade operaciona­l.

Pelas contas do IHS, cada poço perfurado custa cerca de US$ 90 milhões e o somatório dos dez a 11 poços de cada plataforma sai por quase US$ 1 bilhão à estatal. Há ainda outro custo bilionário com a compra de equipament­os e serviços de instalação submarina. Mas o gerente da estatal garante que a empresa tem fôlego financeiro para isso.

Enquanto as plataforma­s eram produzidas, a Petrobrás já perfurava os poços e comprava os equipament­os, o que fez com que os gastos fossem diluídos ao longo de anos. De acordo com Mendes, todos os custos estão previstos no plano de negócios da empresa e não serão um sobrepeso nas contas da petroleira em 2018.

Com isso, em dois anos, quando a produção tiver atingido o volume máximo, o Brasil deve se transforma­r “num exportador de óleo como nunca”, segundo Ramos, do IHS.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO - 28/10/2010 No mar. Até então, 2014 havia sido o ano com maior número de novas plataforma­s em operação

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