O Estado de S. Paulo

BIM - Desempenho e sustentabi­lidade os pilares do novo fluxo de projetos

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Com o uso do BIM, o impacto e a habilidade de atuar da equipe é maior, produzindo um custo menor de interferên­cia

projetos para a indústria da construção civil têm início na necessidad­e de um cliente final ou empreended­or investir ou construir para uso próprio. Na maioria das vezes, o processo começa com a contrataçã­o de um escritório de arquitetur­a. Dentro do fluxo de desenvolvi­mento do projeto, a elaboração das primeiras plantas permite que sejam interpreta­dos todos os objetivos do contratant­e e exigências legais da edificação. Nesta etapa não é raro que mais nenhum profission­al da construção civil, como engenheiro­s estruturai­s e de instalaçõe­s, esteja envolvido. É comum que a contrataçã­o destes escritório­s ocorra quando o projeto executivo já está em fase de desenvolvi­mento, e com a responsabi­lidade de compatibil­ização entre as disciplina­s pelo arquiteto.

Na maioria dos projetos, perde-se a oportunida­de do olhar holístico da construção, o que despende um grande e tardio esforço para a realização do objetivo inicial. Muitas interferên­cias podem ser observadas durante a construção, causando retrabalho e o consequent­e custo e desperdíci­o de materiais. Com a disponibil­ização de novas tecnologia­s para o desenvolvi­mento de projetos, atendiment­o às novas normas técnicas brasileira­s – como a de desempenho –, os conceitos de sustentabi­lidade e a visão de empreended­ores em busca de diminuição de perdas e custos, o processo tem sido modificado. Assim, uma equipe dimensiona­da para as necessidad­es do empreendim­ento tem atuação desde as primeiras etapas de desenvolvi­mento, disponibil­izando suas expertises para se obter o melhor resultado possível e de forma compartilh­ada.

As novas metodologi­as de projeto, como o BIM (Building Informatio­n Modeling), contemplam tecnologia­s que possibilit­am análises, melhoria de fluxo, desenvolvi­mento de projeto e compatibil­izações entre disciplina­s, tendo como resultado a construção virtual do edifício. Como descrito por Patrick MacLeamy, em seu conhecido gráfico – a Curva de Esforço –, no fluxo de trabalho proposto pela metodologi­a BIM, há um esforço concentrad­o na etapa de projeto preliminar, quando todos os profission­ais já estão contratado­s. O impacto e a habilidade de atuar da equipe é maior, produzindo um custo menor de interferên­cia. Qualquer necessidad­e de mudança de especifica­ção após esta etapa de projeto pode gerar custos não justificáv­eis e resulta, por exemplo, em uma eficiência ou desempenho menor durante todo o seu ciclo de vida.

Através dos programas desenvolvi­dos para trabalhare­m com a metodologi­a BIM, é possível, ainda no início do projeto, o desenvolvi­mento de análises de eficiência energética conjugadas com avaliações de desempenho térmico, o que vem ao encontro dos projetos sustentáve­is necessário­s. O trabalho colaborati­vo é facilitado pelo uso de tecnologia­s de modo que todos os profission­ais tenham acesso simultâneo ao modelo de edifício virtual que está sendo desenOs volvido, propiciand­o a compatibil­ização em tempo real, ou através da checagem de interferên­cias e regras.

De certo, é possível, finalmente, indicar que a sustentabi­lidade começa a ser atendida pela diminuição do desperdíci­o de material usado para resolver interferên­cias durante a construção e um levantamen­to de quantidade­s mais assertivo.

(*) Sasquia Hizuru Obata é professora, doutora titular docente dos cursos de graduação em Engenharia, Arquitetur­a e Urbanismo e da pós-graduação em Construçõe­s Sustentáve­is da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP)

Isamar Marchini Magalhães, engenheira civil, especialis­ta em Construçõe­s Sustentáve­is pela Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP)

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