Vera Magalhães
Negociação para a votação da reforma da Previdência retrocedeu graças a trapalhadas na política.
Aliados do governo apontam que a negociação para a votação da reforma da Previdência retrocedeu algumas casas nas últimas semanas graças a trapalhadas na política.
A rusga criada pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, com governadores e a dificuldade de substituição no Ministério do Trabalho foram apontados como obstáculos adicionais – e desnecessários – para o fechamento dos 308 votos necessários para votar a reforma na Câmara.
Em paralelo à bateção de cabeça na política, a área econômica insiste em vetar novas concessões no texto que desidratem ainda mais a economia de gastos possível com a reforma.
Por ora, portanto, está engavetada a ideia de estender o período pelo qual servidores que ingressaram até 2003 pudessem manter por mais tempo a integralidade da aposentadoria e a paridade com funcionários da ativa. “Governo não bate pé. Quem bate pé é criança”, diz um ministro enfronhado nas negociações da reforma, num sinal de que as concessões não estão de todo descartadas, apenas afastadas no momento.
A ordem no Planalto é refazer os cálculos diariamente a partir desta semana e chegar ao início de fevereiro com uma avaliação sobre se será possível manter a votação para o dia 19.
As postagens do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nas redes sociais sobre o erro que seria um novo adiamento já foram vistas como um recado para que o governo se empenhe mais na obtenção dos 308 votos agora – já que, quanto mais se aproximar o calendário eleitoral, mais difícil será avançar com a reforma.