Tiro acerta garoto no quintal de casa
Menino foi atingido na cabeça por uma bala durante queima de fogos; polícia ainda investiga o caso e como se deu o atendimento médico
Arthur Aparecido Bencid Silva, de 5 anos, foi atingido na cabeça por um tiro no quintal de sua casa, na zona sul da capital, durante a queima de fogos do réveillon. Ele morreu na segunda-feira à tarde. Ontem, um suspeito foi detido.
O garoto Arthur Aparecido Bencid Silva, de 5 anos, foi atingido na cabeça por um tiro durante a queima de fogos do réveillon e morreu na tarde de anteontem. A polícia investiga se uma bala disparada para o alto durante a festa o atingiu. Exame necroscópico da Polícia Técnico-científica aponta que ele foi atingido na região superior do crânio por um projétil de calibre 38. A bala entrou por cima e ficou alojada na nuca.
Segundo as investigações, o menino brincava no quintal de uma casa, na Avenida Doutor João Guimarães, na Vila Sônia, zona sul, durante a festa da família. Havia cerca de 30 pessoas no local. Pouco após a queima de fogos, à 0h10, Arthur caiu no chão, desacordado e com sangramento na cabeça.
“Eles estava brincando com bolinhas de sabão. Então, arregalou os olhos e caiu para trás. A gente pensou que fosse uma convulsão”, afirma o pai da criança, Davi Santos Silva, de 33 anos. “Foi bem na hora da queima de fogos”, disse.
Uma das hipóteses é de que o disparo que matou a criança foi feito para o alto, por alguém da vizinhança. “É lógico que esse projétil atinge uma velocidade considerável, mas quem poderá dizer se essa velocidade tem a capacidade de perfurar a cabeça do Arthur vão ser os peritos do Instituto de Criminalística”, diz o delegado Antônio Sucupira Neto, titular do 89.º Distrito Policial (Portal do Morumbi).
Os investigadores, porém, não descartam que o tiro tenha sido efetuado para o lado ou mesmo por algum participante da festa. Para a Polícia Civil, ainda é preciso saber o “local exato” onde Arthur foi atingido e também a posição que caiu após o disparo. O delegado, porém, considera “muito remota” a hipótese de o tiro ter sido feito por alguém da família.
Nos próximos dias, os policiais deverão ouvir o pai, a mãe e os familiares presentes na festa, além de vizinhos. No local, não foram encontradas câmeras que pudessem indicar a trajetória da bala. “No primeiro momento, a Polícia Civil vai apurar o homicídio e, em um segundo momento, se houve omissão de socorro”, completa Sucupira Neto.
Socorro. A omissão é citada por causa de alegações feitas pela família a respeito do atendimento médico. A mãe do garoto, Valéria Aparecido, de 34 anos, diz que os médicos do Hospital Family, em Taboão da Serra, para onde Arthur foi socorrido pelos familiares, “fizeram o que podiam” para ajudálo. “Mas faltou estrutura.”
Ela reclama de demora para conseguir uma ambulância para socorrer o garoto, após a constatação de que o menino havia levado um tiro – segundo a mãe, a família primeiro suspeitou que o ferimento na cabeça era resultado da queda do menino – não um disparo.
Em nota, o hospital afirmou que, como não tem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, iniciou à 1h11 um processo de transferência para o Sistema Único de Saúde (SUS), mas uma vaga só foi encontrada às 4h53. A Secretaria de Estado da Saúde disse que não recebeu
solicitação de transferência na Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross), rede que cruza a oferta assistencial disponível e as necessidades dos pacientes. Arthur deu entrada no Hospital Geral Pirajuçara em estado gravíssimo às 6h20 e foi submetido a um procedimento cirúrgico, mas não resistiu ao ferimento.