O Estado de S. Paulo

Preço de imóvel residencia­l caiu 17% durante a crise econômica

Mercado imobiliári­o. Pesquisa da FipeZap, feito com base no mercado de 20 cidades do País, mostra que o valor médio do metro quadrado de imóveis prontos voltou ao patamar de 2011; recuo nos preços reflete piora do mercado de trabalho e restrição de crédit

- Douglas Gavras

O preço dos imóveis residencia­is prontos caiu em média 17%, já descontada a inflação, durante os anos de crise – entre 2014 e 2017 –, segundo o Índice Fipezap, feito com base no mercado de 20 cidades. De janeiro a dezembro último, a queda foi de 3,23%. Em termos reais, o valor médio de R$ 7.632 por metro quadrado é o mesmo que em 2011. Segundo analistas, a diminuição foi acentuada pela forte piora do mercado de trabalho e a redução na concessão de crédito.

O preço de venda dos imóveis residencia­is prontos caiu 17%, já descontada a inflação, durante os anos de crise – entre 2014 e 2017 –, segundo o Índice FipeZap, feito com base no mercado de 20 cidades. Descontado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estimado para o ano passado em 2,78%, a queda no valor dos imóveis foi de 3,23% de janeiro a dezembro.

Segundo analistas do mercado imobiliári­o, a queda nos preços foi acentuada por dois motivos principais: a forte piora do mercado de trabalho a partir de 2015, quando o aumento do desemprego fez com que o consumidor adiasse a compra do imóvel ou não conseguiss­e mais arcar com seu financiame­nto, e a piora significat­iva na concessão de crédito.

Depois de um bom tempo com os preços subindo, é natural ter uma desacelera­ção, explica o economista da Fipe, Bruno Oliva. “Apesar de algumas boas notícias nos últimos meses, tanto da economia quanto do mercado imobiliári­o em especial, os indicadore­s ainda são muito tímidos, a demanda permaneceu baixa em 2017 e o consumidor, cauteloso.”

Em dezembro de 2014, mais de 33 mil imóveis foram financiado­s para compra, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliári­o e Poupança (Abecip). Em novembro de 2017, o dado mais recente, foram pouco mais de 8 mil.

O economista do Secovi-SP (sindicato do setor), Celso Petrucci, lembra que a reação do mercado imobiliári­o em 2017 foi sentida só a partir de julho. “As baixas expectativ­as do consumidor fizeram com que o começo do ano passado fosse muito parecido com 2015 e 2016, quando o setor desabou.” Em termos reais, o valor médio por metro quadrado dos imóveis prontos, de R$ 7.632, é o mesmo que em 2011, aponta o FipeZap. Dos mercados pesquisado­s, o do Rio de Janeiro é o que tem o metro quadrado mais caro, R$ 9.811. Em seguida, aparecem São Paulo (R$ 8.745) e o Distrito Federal (R$ 8.238).

Ao mesmo tempo, o Rio foi a cidade em que os preços de venda mais caíram no ano passado, variando -4,45%, sem considerar a inflação do período.

Para o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider, após uma forte valorizaçã­o, o mercado da cidade passa por um processo de acomodação. “Até o começo do ano passado, muitos proprietár­ios ainda estavam resistente­s em reduzir o valor de venda na expectativ­a de conseguir manter a valorizaçã­o que tiveram até 2011. Essa resistênci­a parece ter acabado.”

A radialista e professora da rede estadual Nayara Alves da Silva, de 49 anos, acompanhou na prática essa variação dos preços dos imóveis no Rio. Após vender um apartament­o em Botafogo, na zona sul da cidade, que tinha se valorizado mais de 300% em seis anos, ela comprou um imóvel menor em janeiro de 2017.

“De uma hora para a outra, não conseguia comprar mais nada no meu antigo bairro. Consegui encontrar um imóvel no centro, por R$ 427 mil, depois de pesquisar bastante e pechinchar. O preço era alto, mas estava caindo. Se tivesse comprado o mesmo apartament­o um ano antes, pagaria R$ 500 mil. Hoje, ele seria ainda mais barato do que na época em que comprei.”

Para este ano, o economista da Fipe avalia que a tendência é que a desacelera­ção dos preços dos imóveis se mantenha. “Ainda que haja a melhora esperada para a economia e um aqueciment­o do mercado, esse movimento dificilmen­te vai ser forte o bastante para causar um grande impacto nos preços dos imóveis em 2018”, diz Oliva.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO Mudança. ‘Preço era alto, mas já tinha caído’, diz Nayara

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